Cinquenta produtoras rurais da região de Manaus concluem, neste sábado (18), uma capacitação intensiva para levar as Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) da horta direto para o mercado consumidor. A oficina final sobre mercado sustentável encerra um ciclo de formação promovido pelo Instituto Tera Kuno em parceria com o Instituto Amazônia Socioambiental. O projeto une saberes de gestão, comunicação e culinária para fortalecer a comercialização e a autonomia das produtoras no mercado regional.
O encontro acontecerá no Centro de Treinamento Agroflorestal (CTA), no quilômetro 5, sem asfalto, na Área de Proteção Adolpho Ducke, às oito horas. O local tem recebido ações do Instituto Tera Kuno, por meio do Arte & Escola na Floresta, com hortas pedagógicas e sistemas agroflorestais.
Contemplado pelo Edital Floresta em Pé 2024 da Rede Transformar, o projeto Cesta PANC fortalece a agricultura familiar ao estruturar a comercialização dos produtos através da Cesta Ajuri com a tecnologia da Agriconect. As produtoras das associações Tera Kuno, Associação Produtora Brasileirinho APROB, Agriamigos, Karuara e outras comunidades, organizam a venda de cestas agroecológicas em um modelo B2B (Business to Business), focado em empresas, restaurantes, empreendedores culinários, escolas e outras instituições.
As cestas agroecológicas são compostas por frutas, hortaliças, chás e PANC regionais — tudo que vem direto da terra. Ao escolher esses produtos, o consumidor reduz os impactos da logística e das importações, fortalece o trabalho das mulheres amazônicas e contribui para manter a floresta em pé.
“Este modelo inovador garante volume, qualidade e regularidade nas entregas, consolidando uma rede de fornecimento sustentável que valoriza a biodiversidade e a manutenção da floresta em pé”, afirma Nora Hauswirth, coordenadora da Tera Kuno.
Para assegurar a qualificação das produtoras, o projeto promoveu um ciclo completo de oficinas. Nos dias 27 de setembro e 4 de outubro, as agricultoras participaram de capacitações sobre Logística e Gestão de Vendas, com o especialista Thiago Pinto; Marketing Digital – A Jornada da Heroína Agricultora, com a publicitária Abigail Salles; e Técnicas de Vendas, com o agroecólogo Alexandre Victor.
Os encontros foram marcados pela troca de experiências e pelo fortalecimento da coletividade. "Foi um dia maravilhoso, estamos juntos aprendendo aquilo que a gente não sabe", destacou Lana, uma das participantes. Silvia Serra Rodrigues, presidente da APROB, reforçou a importância da iniciativa: "Eu acho que são oportunidades assim que nós precisamos".
A oficina final, com a chef Letícia Barros, apresentará receitas inovadoras com PANC e discutirá as novas possibilidades de mercado para produtos amazônicos. O encontro contará também com a participação do professor Moisés Andrade UFAM, que dará orientações para o uso da plataforma Agriconect, e Girlian Silva de Sousa professora de economia UEA, fechando o ciclo que une produção, gestão e acesso ao mercado.
Nos últimos cinco anos, o Instituto Tera Kuno se tornou referência na gestão do Centro de Treinamento Agroflorestal, impactando mais de três mil pessoas com cerca de 220 cursos e capacitações, realizados em parceria com instituições como o Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Amazonas (IFAM), o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), entre outros. O trabalho transformou o local com três hectares em uma referência em educação ambiental, o que rendeu à iniciativa o reconhecimento oficial do Ministério do Meio Ambiente com o selo de 'Sala Verde'.
Sobre Tera Kuno e Centro Treinamento Agroflorestal
O Centro de Treinamento Agroflorestal (CTA) é um espaço para formação e pesquisa em agroecologia, criado em 2009 com recursos públicos do Fundo Amazônia. Localizado na APA Adolpho Ducke, a 20 km de Manaus, seu papel é fundamental para manter a floresta e as nascentes de água que equilibram o ecossistema da cidade.
O Instituto Tera Kuno desenvolve no local o projeto Arte & Escola na Floresta, que une arte e educação ambiental. Por meio de cursos e vivências sobre agrofloresta, culinária e compostagem, o projeto envolve a comunidade acadêmica (UEA, IFAM, UFAM) e fortalece a conexão das pessoas com o alimento e a floresta.
