A expansão do saneamento básico no Amazonas pode significar ganhos líquidos de R$ 817 por habitante até 2040, segundo estudo divulgado nesta terça-feira (16) pelo Instituto Trata Brasil, em parceria com a Ex Ante Consultoria. Em Manaus, o retorno estimado chega a R$ 384,79 por pessoa.
O relatório destaca que mais de 2,7 milhões de amazonenses ainda convivem com graves deficiências de acesso à água tratada e coleta de esgoto. Em 2022, a realidade local refletia a precariedade regional: milhões de metros cúbicos de esgoto sem tratamento foram despejados nos rios, impactando diretamente a saúde da população e o meio ambiente.
Na prática, os valores “per capita” não representam um repasse direto à população, mas sim uma forma de demonstrar o impacto econômico médio por habitante. Esse cálculo considera a soma dos benefícios trazidos pela universalização do saneamento, como a redução de gastos com saúde pública, o aumento da produtividade no trabalho e na escola, a valorização imobiliária e o estímulo ao turismo, dividida pelo número de moradores de cada estado ou capital.
Cenário regional e projeções até 2040
Os números fazem parte de um diagnóstico da Amazônia Legal, que reúne nove estados — entre eles o Amazonas — e soma 26,6 milhões de habitantes em 772 municípios. A meta é que a universalização do saneamento seja alcançada até 2040, gerando benefícios socioeconômicos líquidos de quase R$ 330 bilhões.
A estimativa considera R$ 273,7 bilhões em benefícios diretos, como renda gerada por investimentos, empregos e arrecadação de impostos, e outros R$ 242,9 bilhões pela redução de perdas, a exemplo da diminuição de custos com saúde, aumento da produtividade no trabalho e valorização imobiliária. Os custos sociais no mesmo período devem atingir R$ 186,5 bilhões, incluindo investimentos e despesas adicionais das famílias.
Impactos e legado
Segundo a presidente do Instituto Trata Brasil, Luana Pretto, a universalização do saneamento será determinante para mudar a realidade da região.
“O ganho de R$ 330 bilhões, advindo da universalização do saneamento, oferece a oportunidade de recuperar áreas degradadas pelo despejo irregular do esgoto e, principalmente, de melhorar a qualidade de vida e o bem-estar dos povos tradicionais e das populações em situação de vulnerabilidade”, afirmou.
Após 2040, o relatório projeta benefícios acumulados de R$ 972 bilhões, o que representa um retorno de R$ 5,10 para cada R$ 1 investido. Entre os estados, o Pará (30,4%), Maranhão (19,1%) e Mato Grosso (16,1%) devem concentrar os maiores ganhos.
Nas capitais, os destaques positivos são Rio Branco (R$ 735,93 por habitante), Porto Velho (R$ 706,14) e Macapá (R$ 650,65), enquanto Manaus aparece na parte inferior do ranking, mas com ganhos que podem alterar de forma significativa a realidade urbana.