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Ambulatório de Diversidade da Policlínica Codajás atende internas trans da Seap

“Apesar de estar presa, estou tendo o privilégio de ver como está minha saúde. Me sinto realizada, porque vejo que não estou sendo esquecida”.  As palavras são de Maria Albuquerque, uma mulher transexual de 25 anos, em regime de reclusão na Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (SEAP).

Maria* e outras internas receberam durante toda semana, pela primeira vez, consultas no ambulatório de Diversidade Sexual da Policlínica Codajás, órgão vinculado à Secretaria de Estado em Saúde (SES-AM), do Governo do Estado do Amazonas.

O atendimento em saúde de cerca de 20 travestis e mulheres trans (TrMT), internas da SEAP, iniciou na última segunda-feira (05.04) e faz parte do projeto de pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) chamado “TransOdara”, uma parceria entre o Ministério da Saúde e Governo do Estado do Amazonas, que vem sendo executado desde novembro de 2020, e que tem por meta atender até final de abril, cerca de 300 pacientes em todo estado do Amazonas.

Durante toda a semana, as internas realizam diversos procedimentos médicos como consultas, exames, testes rápidos de sífilis, hepatites B, C e HIV, vacinação contra Hepatite A e B, HPV, e orientação sobre a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição ao HIV) e PEP (Profilaxia Pós-Exposição), caso tivessem interesse. Em caso de constatação de alguma doença, também foi proporcionado o tratamento por meio de medicação disponibilizada na própria policlínica.

A coordenadora do “TransOdara” em Manaus, Rita Bacuri, explica que o projeto é um estudo de prevenção à Sífilis e outras DST´s, especificamente para travestis e mulheres trans.

“Para nós é muito importante a participação especificamente dessas mulheres. Porque de um modo geral não é comum elas chegarem aos serviços de saúde. Este projeto também serve para que nós possamos pensar em políticas públicas que possam atender essas mulheres”, declarou a coordenadora.

Durante a coleta de material para o estudo no projeto, Rita explica que todas as pacientes são anônimas, para que haja imparcialidade no resultado final da pesquisa.

O início

Em Manaus, além da coordenação da Fiocruz e da cooperação da Policlínica da Codajás, a SES-AM e a Universidade do Estado do Amazonas (UEA), o projeto teve também o intermédio de alunas e do orientador, Professor Doutor André Luiz Machado das Neves, do Programa de Pós-graduação em Segurança Pública, Direitos Humanos e Cidadania (PPGSP), que deram início no processo de ida das pacientes até a policlínica.

“Durante nossos estudos vimos que este público precisava de uma atenção especializada em saúde. Então fomos atrás de parcerias, para que elas pudessem ser atendidas por meio do projeto e dos demais órgãos”, contou.

Representantes da UEA buscaram parceria com a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), por meio da Coordenadoria de Saúde do Sistema Prisional do Amazonas (CSSPAM), FioCruz, Secretaria de Estado em Saúde e Policlínica Codajás, para atendimento ambulatorial deste público específico.

Continuidade

O diretor da Policlínica Codajás, o fisioterapeuta Rainer Figueiredo ressalta que, após o término das consultas, as internas poderão ser inseridas no programa “Transxessualizador”, que faz parte do órgão e que dá continuidade nos atendimentos ambulatoriais.

“Para nós é muito gratificante tê-las aqui, pois nós temos o Sistema Público de Saúde muito abrangente com tudo que é preciso, aqui conseguimos alcançar qualquer público”, finalizou o diretor.

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