Com mais de 100 anos de história e 15 anos de abandono e depredação, o drama do histórico prédio da Santa Casa de Misericórdia, no Centro de Manaus, finalmente, tem um final feliz. O local será restaurado, observando todos os critérios legais em função de seu prédio histórico e tombado, para que funcione como hospital universitário dos cursos de Saúde da FAMETRO.
O anúncio foi feito pelo presidente do Instituto Metroipo0litano de Ensino (IME), Dr. Wellington Lins durante entrevista coletiva na sede da instituição, que contou também com a presença da reitoral Maria do Carmo Seffair Lins; do diretor administrativo Welington Lins Jr.; e da coordenadora do curso de Medicina, Graça Alecrim.
Com a previsão de inauguração para 2022 e investimento que ultrapassam R$ 40 milhões – R$ 10 milhões serão investidos apenas na reforma do prédio e R$ 30 milhões no maquinário médico –, o Hospital Universitário deverá oferecer parte do atendimento e serviços de maneira gratuita à população de Manaus.
Uma outra boa notícia revelada pela reitora Maria do Carmo Lins é que a FAMETRO vai manter integralmente a fachada do prédio e resgatar o patrimônio histórico da cidade.
A coletiva de imprensa convocada pela FAMETRO para anunciar o inicio dos trabalhos de reconstrução do prédio da Santa Casa de Misericórdia – que foi entregue à irmandade de Misericórdia em 16 de maio de 1880, após dez anos de construção -, teve início às 11h no auditório Naíde Lins, com o presidente da IME anunciando que há cinco anos vinha lutando junto ao MEC para tornar o sonho de um hospital Universitário, ao mesmo tempo em que buscava um local ideal.
— A decisão de arrematar o prédio da Santa Casa em um leilão teve como objetivo o hospital, mas também foi uma forma de fazer a sociedade amazonense feliz, pois estamos resgatando um patrimônio cultural que faz parte da vida de muitos amazonense e –, disse Wellington Lins.
Resgate histórico
O executivo disse que nos próximos dias começam os trabalhos de limpeza e de tapume, mas a obra de reconstrução não será tarefa fácil, pois se trata de um patrimônio tombado e precisa de licença do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), além de do trabalho de reconstrução que será elaborado pelos arquitetos da FAMETRO.
— Eu acredito que a conclusão do nosso prédio será em 2022, quando o nosso Hospital Universitário já entrará em atividade mantendo todos os convênios com os hospitais públicos. Já existe, inclusive, uma solicitação junto ao IPHAN em relação ao restauro, aguardando apenas a liberação para dar início às nossas obras. É um trabalho complexo, não é fácil restaurar um prédio de cem anos –, previu o presidente.
A Santa Casa de Misericórdia foi arrematada em leilão realizado dia 21/11, pelo valor de R$ 9,3 milhões. Com o tempo, ficou totalmente depredado devido à pilhagem feita por pessoas que invadiram o prédio para roubar equipamentos e material de construção. Em 2018, se transformou em covil de assaltantes e traficantes, que vinham vendendo drogas no interior das ruínas.
— Acredito que em pouco tempo os nossos os nossos arquitetos e nossa equipe de trabalho vão resolver esses problemas num tempo curto. Decidimos arrematar a Santa Casa para ver o povo do Amazonas Feliz. Temos um prédio de 100 anos totalmente abandonado. Não vamos mudar nada. Vai ser a mesma fachada. Vamos reconstruir a parte interna, que está bastante deteriorada. Quebraram tudo. Levaram até o telhado. Serão investidos mais de R$ 10 milhões para o restauro. Vai ficar um prédio muito bonito. O equipamento do hospital, o maquinário chega de R$ 20 a R$ 30 milhões –, reforçou o presidente.
A reitora Maria do Carmo explicou que o desejo da FAMETRO em construir o seu Hospital Universitário e o desejo da sociedade amazonense de salvar um patrimônio tão representativo da história de Manaus “são sentimentos que se encaixaram perfeitamente tornando o sonho realidade” .
— É surpreendente a repercussão no meio da sociedade amazonense, quando foi anunciado que a FAMETRO arrematou o prédio e vai resgatar o patrimônio cultural.
— Vamos manter integralmente a fachada e resgatar o patrimônio histórico da cidade. A Santa Casa faz parte da história do Amazonas. Ela será a nossa residência médica, agora , abrigando acadêmicos e profissionais de Medicina, Enfermagem, Fisioterapia, Fonoaudiologia e vários outros –, disse a reitora Maria do Carmo Seffair Lins.
Texto: Mário Adolfo / Fotos: Marcus Vinícius