Parlamentares da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado desferida por bolsonaristas, a chamada CPMI dos Atos Golpistas, impuseram uma série de reveses a Jair Bolsonaro nesta terça-feira (13) e, além da convocação de seus aliados mais próximos, aprovaram a quebra de sigilo do celular do ex-presidente.
A partir de requerimento apresentado pelo senador Rogério Carvalho (PT-SE), os integrantes da CPMI terão acesso aos dados obtidos pela Polícia Federal (PF) a partir da apreensão do celular de Bolsonaro no âmbito da Operação Venire, que investiga um esquema de fraude em cartões de vacinação. Além do acesso à quebra de sigilo do celular de Bolsonaro, os parlamentares aprovaram ainda o o compartilhamento de dados, por parte da PF, dos aparelhos de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça que está em prisão domiciliar, e do tenente-coronel Maurco Cid, ex-ajudante de ordens do ex-mandatário e que segue na cadeia.
"Foi a polêmica do dia. Um requerimento de minha autoria. No final a gente conseguiu aprovar a quebra do sigilo, todas as informações do sigilo telemático de Bolsonaro. Todos os registros a gente conseguiu", disse Rogério Carvalho, após a sessão da CPMI desta terça-feira, em entrevista ao site Brasil 247.
Os integrantes da CPMI, além dos dados da quebra dos sigilos telefônicos, aprovaram ainda acesso às informações reunidas pela PF na investigação que apura a fraude nos cartões de vacina contra a Covid-19, incluindo a apuração que pesa contra Bolsonaro. A tese é que o ex-presidente teria falsificado seu comprovante de vacinação com o objetivo de fugir do país em caso de uma eventual condenação na esfera criminal, tendo em vista que ele já era investigado por incitar a população contra o resultado das eleições meses antes do fatídico ataque de 8 de janeiro.
Convocações
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas aprovou nesta terça-feira (13) a convocação de depoentes que integraram o governo Bolsonaro. O colegiado vai ouvir o ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal, Anderson Torres, e o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do então presidente.
Além disso, os generais Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, e Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice-presidente derrotado na chapa de Bolsonaro, também serão chamados para prestar esclarecimentos à CPMI.
A comissão decidiu votar em bloco os requerimentos consensuais, propostos pelo presidente da comissão, Arthur Maia (UB-BA). Os pedidos que geraram divergências entre deputados e senadores seriam analisados separadamente. Ao todo, havia 285 itens na pauta do dia.
De acordo com o presidente da comissão ainda não há acordo para o início das oitivas e nem sobre quem serão os primeiros depoentes.
Dentre os convocados pela CPMI dos Atos Golpistas, estão:
- Ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do DF, Anderson Torres
- Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid,
- Ex-major Ailton Barros
- General Augusto Heleno, ex-ministro do GSI
- General Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa
- General Gustavo Henrique Dutra de Menezes, ex-chefe do Comando Militar do Planalto
- Elcio Franco, ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde;
- Fábio Augusto Vieira, ex-comandante da Polícia Militar do DF;
- Jorge Naime, ex-comandante de Operações Polícia Militar do DF;
- Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF);
- Robson Cândido, delegado-geral da Polícia Civil do DF;
- George Washington de Oliveira Sousa, suspeito de tentar explodir um caminhão-tanque no Aeroporto de Brasília;
- Alan Diego dos Santos, também suspeito de tentar explodir um caminhão-tanque no Aeroporto de Brasília
- Wellington Macedo de Souza, mais um suspeito de tentar explodir um caminhão-tanque no Aeroporto de Brasília.