Grupos de artistas continuam irredutíveis e muito críticos a possível nomeação do ex-vereador Caio André (União Brasil) para para o cargo de titular da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Amazonas (SEC-AM). Nesta terça-feira, 28/01, o ex-presidente da Câmara Municipal de Manaus (CMM) concedeu entrevista à Onda Digital argumentando que é "bom gestor", mas as falas não encontraram eco na classe cultural de Manaus.
"Nós vemos como um grande retrocesso se a escolha por pelo ex-vereador Caio André por conta da capacidade técnica. Queremos um gestor comprometido com a categoria. Que entenda a nossa cultura e que saiba dialogar com a gente. Temos muitos editais em andamento e leis que estamos reivindicando", afirmou ao Portal do Mário Adolfo a atriz e produtora cultural Regina de Banguela, que também é mestre da cultura do município, delegada de cultura do estado do Amazonas e Vice-presidente da União de Negras e Negros pela igualdade (Unegro).
Caio André não possui um histórico relevante em políticas culturais. Sempre foi mais ligado à área do esporte, mas defende que pode ser secretário por já ter sido gestor público.
"Trabalho com cultura, sim. Eu fui empresário de banda. Agora eu sou do samba, todo mundo sabe. Faço questão, adoro, participo de vários eventos culturais. E, enquanto vereador, eu sempre lutei também por essa bandeira da cultura. Participei de várias discussões, defendendo, inclusive, o Conselho Municipal de Cultura. Intermediando junto ao secretário da época, que é hoje ex-vereador, Alonso Oliveira", afirmou Caio andré à Onda Digital.
'SEC não é barganha'
A crescente mobilização contrária à nomeação reflete um sentimento que toma as redes sociais desde o final de semana. Para muitos, a escolha de um perfil político em detrimento de critérios técnicos, o que sempre foi levado em consideração nas gestões passadas, representa um retrocesso para a Cultura do Amazonas.
A conselheira municipal de Cultura, Loren Luniere, que participou de um protesto na segunda-feira em frente ao Teatro Amazonas, disse que a pasta da cultura tem que ser da cultura. A classe pede a permanência do atual secretário, Cândido Jeremias, que vem sendo elogiado no meio cultural e é amplamente conhecido pela categoria.
"Os políticos não nos conhecem. A SEC não pode ser cabide de emprego e nem barganha política para nada. Eles (políticos) não vão à exposições de artes e não vão aos shows autorais dos nossos artistas, não nos conhecem. Não há político preparado para debater cultura, isso é claro para a gente. Nós já conhecemos os jovens que frequentam a cultura aqui no nosso Estado. A política amazonense ignora a cultura, não é pauta nas casas legislativas. Não vamos aceitar esse retrocesso", argumenta Loren.
Possibilidade
Enquanto não há definição, Caio André continua falando que é apenas uma possibilidade e que não há qualquer definição.
"Eu não sou secretário de Cultura e não fui nomeado para nenhuma secretaria até o momento. Só cabe ao governador escolher quem é o gestor. Se, por ventura, o governador entender que eu devo assumir, a primeira coisa que eu vou fazer é me reunir com todos os segmentos, inclusive, com essas pessoas que têm entendimento de que eu não seria a pessoa ideal. As nossas portas estarão sempre abertas para o diálogo", defende o ex-vereador.
Carta distribuída pelo Fórum da Música