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Bandeiras de nossos pais

Símbolos nacionais não são considerados objetos de cunho partidário, ideológico ou governamental

O título de nossa presente reflexão toma emprestrado em tradução livre do filme de 2006 dirigido por Clint Eastwood “Flags of Our Fathers” o qual retrata a batalha no Pacífico durante os meses de fevereiro e março de 1945 com particular atenção ao teatro de operações na Ilha de Iwo Jima, após violento confronto a foto de soldados norte-americanos hasteando a bandeira no topo do monte Suribachi, para sempre imortalizando a vitória, tornou-se um símbolo para todas as gerações.

Símbolos são portanto os pano com o qual teceremos nossas considerações, de pronto trazendo à memória o fato de que o serviço a comunidade, ao público, e noções de patriotismo fazem parte da vida dos cidadãos desde tempos remotos. Bandeiras e hinos nacionais não somente expressam um sentido de pertencimento mas,em sua origem, revelam a alma da Nação, seus credos e sentimentos mais distintos.

Bandeiras como entendemos hoje tem sua origem no “totenismo”, uma das formas mais primitivas de religião. O mastro simbolizava e acreditava-se que realmente continha o espírito ancestral do povo, o seu totem, suas divindades, tal qual os antigos Israelitas fizeram no passado com a Arca da Aliança, sua presença era uma fonte de poder e auxílio nas batalhas, encorajando os guerreiros e amendrontando os inimigos.

Visto com reverência e até mesmo temor por se considerar algo sagrado, a bandeira ou a marca de identificação do povo, clã ou família, guardava identidade direta com a força do líder, marcava sua posição, servindo como elemento de junção de forças nas batalhas.

Após algum tempo, o pedaço de pano colorido ao topo do mastro começa a ser compreendido como indicativo de vitória ou derrota a depender da força e direção dos ventos, lançando sobre a bandeira o sentido de presságio e até magia na sua utilização para vitória, por este motivo nascendo o hoje tradicional hasteamento, o guarda-bandeira, a preservação a todo custo de sua segurança sendo em geral o primeiro alvo de ataques quando em luta.

Por fim nesta breve introdução histórica ao simbolismo que queremos externar, há a contribuição dos chineses, hindus e mouros, estes ultimos à época das Cruzadas fazem com que o exército de Cristo, os cavaleiros Cruzados, unam-se debaixo de um só pavilhão, sendo posteriormente adotado este entendimento na identiicação de cada uma dos diversos reinos que contribuíram àquela campanha, levando aos seus países de origem e dando início a utilização de bandeiras que temos até os dias de hoje.

Feita a digressão histórica e agradecendo ao leitor que até aqui nos acompanhou fica indagação, sim, o que tudo isto tem a ver com o título “Bandeiras de Nossos Pais”? Respondo com a recente notícia de que em Decisão vinda lá de Santo Antônio das Missões e Garruchos no Rio do Grande do Sul afirmou que “símbolos nacionais, como a bandeira do Brasil, são considerados propaganda eleitoral a partir do início da campanha, em 16 de agosto”.

Decisão esta já acertadamente revetida pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande na sexta-feira última (16.07) afirmando com todas as letras que “símbolos nacionais (…) não são considerados objetos de cunho partidário, ideológico ou governamental”.

Andou com acerto a Corte Eleitoral fazendo valer o que se encontra, de há muito, em nossa Constituição Federal e antes desta na Lei 5.700 de 1o de Setembro de 1971, “os símbolos e hinos são manifestações gráficas e musicais, de importante valor histórico, criadas para transmitir o sentimento de união nacional e mostrar a soberania do país.”

Desnecessário dizer que vivemos nesta quadra histórica em momentos de alta polarização, de ideias e ideais que parecem nos distanciar mais do que nos unir, for a a questão partidária-eleioral de fundo e escôpo da decisão monocrática do RS, ao que parece há um pensamento de apropriação de parte da cidadania a se identificar com os símbolos nacionais somente aqueles que partilham de um mesmo entendimento, a reforçar a ideia do líder do clã ou família já aqui externado.

Esquece-se de que todos nós fazemos parte deste grande País, tal qual as Bandeiras de Nossos Pais, filme e relidade, inobstante as diferentes vertentes de pensamento e origem, todos, sem exceção, somos brasileiros e queremos ver nosso País vencer.

Trazendo mais próximo de nossa realidade amazônica, todos nós amazonenses de origem e coração estamos hoje a travar batalhas por nossa sobrevivência que nos remete a Iwo Jima do Pacífico mencionado, esperando que tenhamos igual sucesso e vitória, não somente para nós mas para todos, para o País ,para a Nação.

Em detalhe histórico interessante, os soldados que hastearem a bandeira no monte Sorubachi eram todos os mais distintos em suas origens e etnias, branco, negro e índio, juntos, lado a lado, na mesma batalha, sofrendo o mesmo  calor da Guerra e por fim, juntos no sabor da vitória. Crê este articulista que já passou da hora de lembrarmos dessas lições do passado e nos unirmos por aquilo que temos em comum, sem esquecer de tratar com o devido respeito e atenção aquilo que não nos é comum, mas juntos promovermos a união que tanto evoca o uso de nossos símblos nacionais. É isso.

Esta coluna é publicada semanalmente
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