Na vastidão da Amazônia, onde a biodiversidade se mistura com a riqueza cultural, surgem novas oportunidades econômicas impulsionadas pelos bionegócios. Nesse cenário, a Fundação Desembargador Paulo Feitoza (FPFtech) tem fomentado startups por meio da sua incubadora tecnológica, a WIT, apoiando empreendedores visionários na busca por soluções sustentáveis e inovadoras.
Empresas como a Yara Couro e a Biozer Farma, exemplificam o potencial transformador dos bionegócios na região. Enquanto a Yara Couro inova ao produzir couro sustentável a partir de resíduos de peixes, a Biozer Farma busca soluções para problemas clínicos globais, como a cicatrização de úlceras diabéticas.
Bruna Freitas, CEO da Yara Couro, compartilha sua jornada empreendedora, marcada pela busca de impacto e sustentabilidade na Amazônia. Ela lembra da importância do relacionamento com comunidades locais e parceiros, ressaltando o papel das empresas de bioeconomia em fomentar o desenvolvimento regional.
A empreendedora conta como a trajetória da startup que transforma resíduos de peixe em couro sustentável possui um impacto socioambiental relevante na região. "Na Yara Couro, estamos comprometidos em não apenas transformar o resíduo de peixe em couro, mas em criar um impacto significativo e sustentável na região amazônica. Desde o início, nossa jornada foi moldada pela busca incessante por um negócio que não apenas prosperasse comercialmente, mas que também contribuísse positivamente para a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento local. Em parceria com profissionais experientes do ramo de couro e acessórios, resgatamos a ideia do couro de peixe e a transformamos em realidade, com o compromisso de empreender, mas de ser um agente de mudança para a região", salientou Freitas.
Segundo Rafael Teodósio, coordenador da WIT, os bionegócios enfrentam um caminho promissor, mas repleto de desafios estruturais. "As empresas de bioeconomia enfrentam desafios únicos na Amazônia, desde a falta de estrutura laboratorial até a necessidade de equipes altamente especializadas. Na bioeconomia, a equipe especializada é primordial", ressalta Teodósio.
Domingos Amaral, fundador da Biozer da Amazônia, também passa por esses desafios, principalmente pelo alto teor de pesquisa necessária para o seu negócio, que tem o propósito de buscar soluções para a cicatrização de pessoas que vivem com úlceras diabéticas. Ele destaca a parceria estratégica com a WIT para acelerar o desenvolvimento do produto.
“Junto com a WIT, a gente buscou, nessa parceria, ter uma gama de facilidades, ou seja, de aceleração, de cortar caminhos, no bom sentido. Neste caso, ter pessoas com outras expertise que possam nos ajudar a acelerar esse nosso negócio é de extrema importância”, reforçou Amaral.
Para a Dra. Olinda Canhoto, analista de negócios da FPFtech, a amplitude da bioeconomia, que busca utilizar os recursos naturais de forma sustentável para impulsionar o desenvolvimento econômico, está presente principalmente em setores de bioalimentos, cosméticos e fitoterápicos. Canhoto ratifica que esses setores representam uma bioeconomia de alto valor agregado, porém, ainda enfrentam desafios regulatórios e de mercado.
Canhoto observa que especialmente no Amazonas, mesmo com o vasto potencial de produtos naturais, a falta de grandes empresas de bioeconomia no Estado escancara diversos obstáculos da região. Para a especialista, além da necessidade de compreender o mercado e a demanda, há carência de órgãos reguladores atuantes na região Norte, o que dificulta a inserção de produtos no mercado, especialmente para cosméticos, que devem atender rigorosos requisitos.
Esses e outros gargalos enfrentados pelos negócios inovadores que exploram o potencial da bioeconomia na Amazônia podem ser minimizados com o suporte oferecido por iniciativas como a incubadora tecnológica WIT. Com o propósito de fomentar o empreendedorismo inovador, a WIT espera expandir ainda mais os seus programas de pré-incubação e incubação, chegando a cada vez mais startups que desenvolvem soluções de base tecnológica.