O presidente Jair Bolsonaro (PL) se reuniu na tarde desta segunda-feira (18) com embaixadores no Palácio do Alvorada. O chefe do Executivo repetiu críticas a ministros do TSE e do STF, além de colocar em dúvida a transparência das urnas eletrônicas, usadas nas eleições
Bolsonaro tem feito reiterados ataques às urnas eletrônicas, afirmando que houve fraude. A informação não é verdadeira, e inclusive já foi desmentida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Durante apresentação, com um power point, o presidente voltou a questionar a transparência do processo eleitoral, afirmando querer “eleições limpas”. “O que eu mais quero para o meu Brasil é que a sua liberdade continue a valer também depois das eleições. O que eu mais quero por ocasião das eleições é a transparência. Nós queremos que o ganhador seja aquele que realmente seja votado. Nós temos um sistema eleitoral que apenas dois países do mundo usam”, alegou.
Bolsonaro citou o inquérito aberto pela Polícia Federal em 2018, na Superintendência Regional do Distrito Federal, após ser acionada pelo TSE. A motivação foi a suposta invasão de um hacker ao Sistema Gerenciador de Dados, Aplicativos e Interface com a Urna Eletrônica (GEDAI-UE) — aplicativo que permite a instalação na urna das listas com os nomes e dados dos candidatos, junto com o software do sistema de votação, além de registrar a presença dos eleitores —, e ainda o acesso a documentos sigilosos do Tribunal Superior Eleitoral.
O inquérito mostra que foram adotadas várias diligências diferentes pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal para a investigação do caso, mas não há conclusão ou suspeita de que as urnas eletrônicas tenham sido comprometidas. Desde o início do voto eletrônico no Brasil, em 1996, nenhum caso de fraude foi identificado e comprovado.
Bolsonaro relatou, que, segundo o TSE, os hackers ficaram por oito meses dentro dos computadores. “O invasor teve acesso a toda a documentação do TSE, toda base de dados por 8 meses. É uma coisa que, com todo respeito, eu sou o presidente do Brasil e fico envergonhado de falar isso daí”.
Em outra alegação sem provas, disse que dezenas de vídeos das eleições de 2018 mostram que o eleitor “ia votar em 17 do Bolsonaro e não conseguia votar. Ia apertar o 7 não conseguia. Aparecia o 3”, emendou em referência ao 13 de Lula.
Bolsonaro então repetiu críticas a ministros do TSE e do STF, afirmando que Barroso e Fachin “começaram a andar pelo mundo atacando-o” e que Fachin foi o responsável por “soltar Lula”.
“Quando se fala em eleições, vem à nossa cabeça transparência. E o senhor Barroso (Luís Roberto Barroso, ex-presidente do TSE) , também como senhor Edson Fachin (presidente do TSE), começaram a andar pelo mundo me criticando, como se eu estivesse preparando um golpe. É exatamente o contrário o que está acontecendo”, disse.
Bolsonaro também voltou a reiterar sua reclamação sobre a participação das Forças Armadas nas eleições, afirmando que a corporação foi convidada e não participará apenas para dar “ares de credibilidade” ao pleito.
E questionou: “Porque um grupo de apenas 3 pessoas querem trazer instabilidade para o nosso país e não aceitam nada as sugestões das Forças Armadas?”.
Após o final da apresentação de Bolsonaro, alguns dos embaixadores presentes foram embora sem falar com o presidente.