A Polícia Federal (PF) encontrou um áudio que revela uma conversa entre o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno e o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem.
Este áudio, descoberto durante a investigação sobre espionagem ilegal na Abin, foi “possivelmente” gravado por Ramagem e data de agosto de 2020.
O áudio foi mencionado no relatório da investigação sobre a Abin paralela, divulgado nesta quinta-feira (11/7) pelo Supremo Tribunal Federal (STF) após a retirada do sigilo do inquérito.
A gravação, com duração de 1 hora e 8 minutos, permanece sob segredo de Justiça.
A PF indica que a conversa está relacionada ao uso ilegal da Abin para obter informações sobre a investigação que envolvia o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e as acusações de “rachadinha” em seu gabinete quando era deputado estadual.
A advogada de Flávio, cujo nome não foi divulgado, também teria participado da conversa.
Em 2021, a investigação foi anulada pela Justiça.
Detalhes da conversa
De acordo com a PF, agentes envolvidos no esquema monitoraram três auditores da Receita Federal responsáveis pelo relatório fiscal que sustentou a investigação contra Flávio Bolsonaro.
“Neste áudio, é possível identificar a atuação de Alexandre Ramagem indicando, em suma, que seria necessário a instauração de procedimento administrativo contra os auditores da Receita com o objetivo de anular a investigação, bem como retirar os auditores de seus respectivos cargos”, destaca o relatório.
A investigação da PF concluiu que as ações discutidas na gravação foram efetivamente realizadas, comprovando a existência e atuação da Abin paralela durante o governo de Bolsonaro.
Em 2020, um dos três auditores foi exonerado pelo governo.
“As ações tratadas no áudio, segundo fontes abertas, se concretizaram, razão pela qual é elemento de prova que corrobora a atuação da estrutura paralela no interesse do núcleo político”, afirmaram os investigadores.
Defesa
Em resposta às acusações, o senador Flávio Bolsonaro declarou nas redes sociais que não tinha qualquer relação com a Abin e que a divulgação do relatório de investigação tinha o objetivo de prejudicar a candidatura de Ramagem à Prefeitura do Rio de Janeiro.