O BotSentinel, um perfil que opera no Twitter rastreando edesmascarando a criação em massa de perfis-robô, normalmente utilizados para propagar mentiras e inflar personalidades políticas com seguidores forjados, divulgou nesta terça-feira (26) que, em dois dias, 25 e 26 de abril, das 61.299 contas que passaram a seguir o presidente Jair Bolsonaro, 37.922 eram fictícias.
Trocando em miúdos, de todas as adesões ao líder extremista brasileiro ocorridas em 48 horas, aproximadamente 62% eram de robôs que têm como únicas finalidades disseminar desinformação do seu chamadoGabinete de Ódio e dar impressão de que o apoio ao radical aumenta nas redes.
Os dados iniciais davam conta de que a análise tinha sido feita em 65 mil contas e que 58% eram perfis falsos. Com a correção dos números absolutos pelo BotSentinel, o percentual subiu.
O que é o Gabinete do Ódio?
Para os investigadores da Polícia Federal, o "gabinete do ódio" trata-se de um “grupo que produz conteúdos e/ou promove postagens em redes sociais atacando pessoas (alvos) – os 'espantalhos' escolhidos – previamente eleitas pelos integrantes da organização, difundindo-as por múltiplos canais de comunicação”.
A investigação mapeou o modus operandi da suposta organização criminosa para atacar, além de adversários políticos, ministros do STF e integrantes do governo, “tudo com o objetivo de pavimentar o caminho para alcance dos objetivos traçados (ganhos ideológicos, político-partidários e financeiros)”.
Segundo a apuração, o grupo age buscando disseminar “alto volume” de informações em diversos canais, levando à “variedade e grande quantidade de fontes”, “de maneira rápida, contínua e repetitiva, focada na formação de uma primeira impressão duradoura no receptor, a qual gera familiaridade com a informação e, consequentemente, sua aceitação”.
O relatório produzido pela PF aponta ainda que os conteúdos não têm “compromisso com a verdade” ou com “a consistência do discurso ao longo do tempo (uma nova difusão pode contrariar absolutamente a anterior sem que isso gere perda de credibilidade do emissor)”.
Fonte: Revista Fórum