O espetáculo amazonense 'Cabaré Chinelo', que estreou em novembro de 2022, já teve mais de 10 mil espectadores em um ano e mais de 50 apresentações em Manaus e São Paulo. No sábado, 26/11, fez as últimas duas sessões da temporada no Teatro Amazonas e, ao final, o elenco foi aplaudido de pé pelos espectadores - alguns deles muito emocionados e com lágrimas nos olhos.
Cabaré Chinelo conta a história de Mulata, Balbina, Antonieta, Soulanger, Felícia, Laura, Joana, Luiza, Enedina, Sarah, Maria e Gaivota, meretrizes exploradas no período da Belle Époque em Manaus. A vida difícil destas mulheres é vivida de forma interativa pela plateia e com as personagens atuando, além do palco, nos corredores e frisas do teatro.
"Vamos dar uma pausa para descansar. Vou deixar um spoiler para vocês: voltaremos em 2024 e estaremos diferentes. Não posso contar, mas será muito bom", adiantou durante o agradecimento final o diretor Taciano Soares, que também interpreta Kafter.
Pesquisas
A atriz Vivian Oliveira, que interpreta Mulata, diz que depois de entrar em cartaz, o espetáculo está em constante mudança por conta das novas descobertas da vida destas mulheres. A direção do espetáculo é de Taciano Soares, que também assina a dramaturgia com o diretor musical Eric Lima e baseado em pesquisas do historiador Narciso Freitas.
"O Taciano e o Eric ainda estão refletindo sobre a obra. Porque, a cada descoberta de registros do Narciso, novas ideias aparecem. Quando começamos a construção do espetáculo eram 300 mulheres catalogadas e que foram exploradas. Agora já são mais 500. São muitas transformações e informações novas", diz Vivian.
Por exemplo, o inquérito sobre a morte de Balbina foi reencontrado apenas neste ano de 2023. Após a descoberta, a atriz Sarah Margarido, que interpreta a personagem no espetáculo, incorporou em uma de suas falas que continuarão falando dela, mesmo muitos anos depois de sua morte.
O espectador e fã do espetáculo, Márcio Lira, está curioso para saber quais novidades a companhia Ateliê 23 trará para o Cabaré Chinelo em 2024. Ele já viu a peça 12 vezes e tenta imaginar quais as mudanças estão por vir.
"Eu estou achando que eles vão contar outras histórias ou trazer novos personagens. Já vi 12 vezes e continuo me emocionando sempre. Ano que vem continuarei estando presente", afirma Márcio.
Premiações
O Ateliê 23 venceu em duas categorias do 22º Prêmio Cenym de Teatro Nacional, da Academia de Artes no Teatro do Brasil. A companhia de teatro amazonense conquistou o título de “Melhor Companhia” e o espetáculo “Cabaré Chinelo” ganhou com “Melhor Figurino”, que teve como figurinista a estilista Melissa Maia e equipe.
No total, a companhia de teatro soma cinco prêmios com o “Cabaré Chinelo”. Em outubro, o trabalho ganhou “Melhor espetáculo”, “Melhor Direção” e “Melhor Figurino” no 17º Festival de Teatro da Amazônia. O espetáculo foi indicado ainda nas categorias “Melhor Atriz”, “Melhor Ator” e “Trilha Sonora”.
Neste ano, o Ateliê 23 também conquistou o prêmio de melhor atuação nacional no 8º Festival Internacional de Cinema da Diversidade Sexual e de Gênero de Goiás, com personagem vivido por Taciano Soares no filme “A Bela é Poc”, primeiro curta do grupo.