Fortaleza (CE) – A campanha do nacionalista Jair Bolsonaro (PSC-RJ) à presidência da República já está nas ruas, apesar da rejeição dos democratas e da esquerda. Na mais famosa feira de artesanatos de Fortaleza, a camiseta preta com a cara estampada do presidenciável já pode ser comprada ao preço de R$ 35. Pendurada em um cabide (cruzeta) e balançando ao vento do Ceará, a camiseta com a inscrição “’E Melhor JAIR se acostumando”, não passa impune. Alguns consumidores da feira xingam e até batem na camisa, outros se manifestam com exclamações de apoio.
— Estou vendendo bem. Tem gente que não gosta, mas outras que antecipam até o voto. Eu não voto, mas esse cara vai incomodar – diz o barraqueiro Clemilton Palmeira —, que aceita negociar a camiseta até por R$ 30.
De acordo com o ambulante, que vende biquini, cangas, maiôs e castanha de caju, a camiseta preta de Bolsonaro não foi feita por algum comitê partidário, mas sim por comerciantes oportunistas”que estão querendo faturar com o momento em que o debate sobre a eleição presidencial de 2018 começa a ficar em alta, colocando em foco nomes de pré-candidatos, como o de Bolsonaro.
— São grupos da sociedade, ou de pequenos fabricantes artesanais de camisetas, que tiveram a visão de sair na frente iniciado campanhas em apoio aos nomes que simpatizam, entre eles o de Bolsonaro – analisa o vendedor, que até domingo tinha vendido 15 camisetas.
No entanto, existem também aqueles que ficam indignados ao avistar a camiseta preta de Bolsonaro. Foi o caso de dona Maria Jamile Albuquerque, 60, de Brasília, que visitava Fortaleza e falou cobras e lagartos do presidenciável.
— Quem apoia o nome de um homem desses para presidente é porque não sabem o que foi a ditadura militar, que mergulhou esse país na escuridão por 20 anos. Não tínhamos direito a votar, a estudar filosofia, a pensar, a falar, a assistir peças de teatro ou ouvir algumas músicas, como as do Chico (Buarque), por exemplo. É isso que querem de volta? Um homofóbico, xenófobo, um truculento que não respeita as mulheres na presidência? – questionou.