A partir deste ano, o amazonense vai poder comprar carne beneficiada de jacaré nos supermercados da capital de Manaus. Na quinta-feira, 20/06, o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) autorizou o funcionamento do primeiro abatedouro e entreposto flutuante de abate do animal na comunidade rural Jarauá, no município de Uarini (distante 565 quilômetros de Manaus), na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Mamirauá.
A Licença de Operação Ambiental (LO) foi assinada pelo presidente do Ipaam e secretário de Estado do Meio Ambiente (Sema), Marcelo Dutra, e entregue, durante coletiva à imprensa, ao diretor técnico-científico do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, João Valsecchi. Agora, a entidade vai solicitar do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) a cota de abate do animal, que pode chegar a 1,2 mil jacarés ao ano.
De acordo com Dutra, a licença terá a validade de 5 anos, período que o instituto pode abater até 10 mil animais das espécies jacaré-açú e jacaretinga no rio Paraná do Jarauá, na comunidade Jarauá. No local, o Governo do Amazonas iniciou, em 2008, o trabalho de manejo e abate experimental dos animais com investimento de R$ 300 mil em capacitação de técnicos e dos moradores da RDS, que serão beneficiados diretamente com geração de emprego e renda.
Trabalho ─ O licenciamento do entreposto de Mamirauá envolveu anos de trabalho de equipes técnicas formada por biólogos e especialistas do Ipaam e da Sema no processo de análise do abatedouro, que tem a capacidade de capturar em gaiolas e abater 60 jacarés ao mês, sem descartar sangue e vísceras no rio. A expectativa é gerar mais de 20 empregos diretos, indiretos e gerar benefícios econômicos e sociais para mais de 5 mil pessoas na região de Uarini.
Protocolos ─ O diretor do Instituto Mamirauá, João Valsecchi, disse que o empreendimento conta com tecnologias de baixo impacto ambiental e cumpre todos os protocolos de ambientais e sanitários, além de manter o local de abate do animal perto da área de captura, sem a necessidade de arrastar o jacaré e, com isso, mantendo a qualidade da carne. “A comunidade está bastante feliz em saber que, agora, vão poder trabalhar e gerar renda com o jacaré”, informou.
Potencial econômico – Valsecchi informou, também, que o jacaré tem um grande potencial econômico e o couro, por exemplo, tem um valor que pode variar de R$ 28 a R$ 30 o centímetro para o mercado de bolsas e sapatos. A carne, segundo ele, é outro produto que tem um valor comercial e uma boa aceitação da população. “Tudo se aproveita do jacaré para ser comercializado, desde as vísceras, que são transformadas em ração”, explicou o diretor.