O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou que está concluída a parte da investigação do assassinato da ex-vereadora Marielle Franco relativa à execução, e que a etapa atual é a de apurar os mandantes do crime.
Ele concedeu entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira, após a Polícia Federal (PF) e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) deflagrarem a Operação Élpis. O ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, conhecido como Suel, foi preso preventivamente.
De acordo com Dino, a operação foi deflagrada a partir do acordo de colaboração premiada do ex-policial militar Élcio Queiroz. Na delação, prestada há cerca de 20 dias e já homologada pelo Poder Judiciário, ele detalhou o atentado contra Marielle e o motorista Anderson Gomes.
"Não há afirmação de que a investigação está concluída, pelo contrário: há um avanço e uma mudança de patamar. Está concluída em relação à execução, e agora vai para os mandantes do crime", disse Dino.
O ministro da Justiça afirmou, na coletiva, que as buscas e apreensões realizadas nesta segunda "vão conduzir a outras pessoas que participaram e determinaram as ocorrências dos homicídios". Novas operações estão previstas para as próximas semanas.
Dino apontou que a delação de Queiroz pormenoriza o "roteiro" do crime, inclusive com os itinerários percorridos pelos executores antes do assassinato. No acordo, o ex-PM confirma o seu próprio envolvimento, o de Suel e também o ex-policial reformado Ronnie Lessa.
"Havia certos detalhes sobre os quais pairavam dúvidas e, a partir da delação, essas dúvidas foram removidas, porque há convergência da narrativa em relação a outros aspectos que já se encontravam de posse da polícia."
O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, afirmou que o ex-bombeiro "participou de ações de vigilância e acompanhamento da ex-vereadora e também apoio logístico com os demais atores da cadeia criminosa". Além disso, também participou da ocultação de provas.
As cláusulas do acordo de Queiroz estão sob sigilo, mas Dino garantiu que a homologação da delação não lhe garante o benefício de responder em liberdade. "Posso afirmar que ele continuará preso em regime fechado". Lessa também está detido.
Marielle e Anderson foram mortos em março de 2018, no Centro do Rio. A ex-vereadora do Psol levou quatro tiros e o motorista, três. Os suspeitos respondem ainda pela tentativa de homicídio da assessora Fernanda Chaves, que também estava no carro, mas sobreviveu.