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Câmara de Manaus promulga lei que proíbe consumo de maconha em via pública, já vetado por legislação federal

Legislação tenta agradar eleitorado conservador ao reforçar proibição que já existe na Lei de Drogas e segue sem mecanismo de fiscalização claro

O consumo de maconha já é proibido no Brasil pela Lei Federal nº 11.343/2006 - Foto: iStock 

A Câmara Municipal de Manaus (CMM) promulgou a Lei nº 598/2025, publicada no Diário Oficial do Legislativo, que proíbe o consumo de maconha em ruas, praças, calçadas, ciclovias, pátios e áreas externas de estabelecimentos comerciais na capital amazonense. O projeto de Raiff Mattos (PL), aprovado de forma unânime pelos vereadores, foi promulgado diretamente pelo presidente da Casa, vereador David Reis (Avante), após o prefeito David Almeida (Avante) não sancionar nem vetar a norma no prazo legal.

A legislação, no entanto, vem sendo criticada por juristas e especialistas em segurança pública por ter caráter meramente populista e atender ao público mais conservador, sem trazer inovação real ao ordenamento jurídico. Isso porque o consumo de maconha já é proibido no Brasil pela Lei Federal nº 11.343/2006, que não autoriza o uso recreativo da substância e impõe sanções administrativas e penais ao usuário.

“O que a Câmara fez foi aprovar uma lei redundante, apenas para enviar uma mensagem moralista ao eleitorado. Não havia autorização para fumar maconha em logradouro público antes, e continua não havendo”, avaliou um advogado ouvido pela reportagem.

Além de repetir o que já está previsto na legislação nacional, a nova lei ainda depende de regulamentação do Executivo municipal para definir quem fiscalizará a prática e quais punições poderão ser aplicadas de forma autônoma. O texto publicado não deixa claro se caberá à Guarda Municipal, à polícia estadual ou a outro órgão o papel de coibir a conduta — uma lacuna que fragiliza a eficácia da norma.

Por ora, a medida soa mais como gesto simbólico, com apelo midiático, do que como política pública de segurança. Enquanto isso, questões estruturais do consumo de drogas na capital, como prevenção, assistência a dependentes e reforço da repressão ao tráfico, seguem sem ações concretas.

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