No dia 16 de Agosto último deu-se início oficialmente ao calendário eleitoral do pleito deste ano, a partir de então podemos acompanhar mais de perto e diretamente a famosa festa da democracia, campanha nas ruas, redes sociais, em breve na rádio e tv, cabos eleitorais, mensagens de texto, video, debates, eventuais discussões (nem sempre) salutares no grupo da famíla e dos amigos, enfim, processo de conhecimento maior dos candidatos e suas propostas.
Em meio a tantas discussões o que todos, candidatos e eleitores, devem estar atentos a saber é como será o caminho rumo à vitória, em outros termos, como vencer esta eleição. Questão de alta complexidade já que mesmo os mais gabaritados cientistas políticos não tem como responder este dilema, uma conjunção de fatores pode e certamente vai influenciar a tomada de decisão por parte do eleitorado.
Conquanto não seja uma ciência exata, o planejamento eleitoral, as estatísticas, intenções de votos dentre outros mecanismos de aferição da vontade da população não é de hoje que se tenta predizer os resultados ou mesmo apontar um caminho para a vitória nas urnas.
Oráculos de toda sorte se apresentam, hoje através das mídias sociais, porém houve uma época em que estas balizas foram lançadas e até hoje a humanidade não conseguiu inventar nada de novo no que tange ao aspecto de conquistar o voto do eleitor, claramente falamos da época dos gregos e romanos, estes últimos foram prodigiosos na arte de legislar, deixando-nos um legado vasto e muito rico em orientações que ultrapassam as eras.
Certa feita em meus estudos acadêmicos, aficionado que sou por Direito Romano, deparei-me com a obra de Quintus Tulius Cicero, Commentariolum Petitionis - em livre tradução “Comentário sobre a petição”, na qual encontramos os conselhos dados a seu irmão Marcus Tulius Cicero quando este no verão de 64 a.C decidiu concorrer ao cargo de Cônsul, o mais alto da República Romana, uma joia primorosa em clareza e profundidade sobre a ciência por trás das eleições.
Reconhecidamente, deve ser dito, o autor do texto foi alguém intimamente familiar com a política de Roma no primeiro século, possuidor de um afiado senso de como eleições são disputadas e vencidas em qualquer época.
Roma nos dias dos irmãos Cicero era um vasto império administrado como se fosse uma pequena província, escondida entre sete colinas e cortado pelo rio Tibre. Política era profundamente pessoal, controlada por algumas poucas famílias e centrada nas discussões no Forum, um antigo pântano no meio da cidade. Apesar de sua extensão através do Mediterrâneo, a campanha política no Império concentrava-se na cidade de Roma e algumas poucas cidades próximas.
Inobstante as dificuldades de distância, os cidadãos que chegassem a Roma para as eleições encontrariam um processo eleitoral ao consulado de certo organizado e na medida do possível justo, a despeito do suborno desenfreado e da ocasional violência das campanhas.
À semelhança do Príncipe de Maquiavel, este pequeno tratado de política oferece conselhos atemporais aqueles que aspiram ao poder de um cargo eletivo público. Idealismo e ingenuidade são postas de lado por Quintus que diz a seu irmão – e a nós todos – como realmente funciona os bastidores do jogo das campanhas eleitorais.
Algumas preciosidades encontradas nesta carta podem ser assim resumidas:
I – Tenha certeza de que você conta com o apoio de sua família e amigos;
II – Aproxime-se das pessoas certas;
III – Cobre favores;
IV – Construa uma ampla base de apoio;
Mas como garantir o apoio de um grande número de eleitores?
V – Prometa tudo a todos.
Neste pequeno esboço da grande obra de Quintus Cicero torna-se claro a este articulista que na quadra histórica em que vivemos, resta-nos avançarmos como sociedade no que pertine nossa consciência e maturidade eleitoral, mais do que vencer a qualquer custo, necessário se faz sopesar quem são os homens e mulheres que pleiteiam os mais diversos cargos de nossa República, quais as suas aspirações, sua contribuição para a sociedade, seus meios e mecanismos para atingir o eleitor e lograr êxito em suas campanhas. Aqui deixo uma análise e um mapa para a verificação de estarmos ou não caminhando com inteligência ao rumo certo.