Desde a aprovação da Lei 12.305, em 2010, que implementou a Política Nacional dos Resíduos Sólidos, o modelo de limpeza urbana — até então exclusivamente calcado em coleta e despejo em aterros sanitários — vem sofrendo fortes e rápidas alterações. O mercado já descarta a ideia de “lixo” para pensar em material aproveitável. Em vez de despejo, fala-se em transformação.
E essa transformação pode ser transformadora, de fato. Em Taubaté (SP), por exemplo, restos de alimentos coletados em feiras livres são tratados em uma usina de compostagem e viram adubo orgânico.
Esse adubo passou a ser utilizado em uma horta idealizada pelos colaboradores da EcoTaubaté, empresa da Marquise Ambiental responsável pela coleta dos resíduos do município. Mais de 17 mil hortaliças, legumes e verduras já foram produzidos na horta e destinados para o programa Mesa Taubaté, iniciativa da prefeitura que distribui cerca de 20 mil pratos de sopa por mês para pessoas em situação de vulnerabilidade
O processo de produção do composto orgânico começa com a coleta dos resíduos de frutas, legumes e verduras nas feiras livres e no mercado municipal de Taubaté. Esse material é levado para a usina de compostagem, onde, com o uso da tecnologia de aeração forçada, transforma-se em composto orgânico. A aeração forçada acelera o processo de decomposição natural. Em vez de um prazo entre cinco e seis meses, o adubo fica pronto para ser aplicado em, no máximo, 60 dias.
O composto orgânico é usado também pela prefeitura para o plantio em praças, parques e jardins públicos da cidade. A horta abre um novo campo para incrementar o reaproveitamento dos resíduos sólidos e contribui para o compromisso da Marquise Ambiental de reduzir a massa de lixo descartada nos municípios.
E com esse mesmo objetivo que a empresa idealizou uma usina de compostagem no projeto do Centro de Tratamento e Transformação de Resíduo de Manaus. "Não se pensa mais em lixo, mas em material aproveitável. É um movimento que já começou e é irreversível”, pontua Hugo Nery, presidente da marquise Ambiental.
“Cerca de 65% dos resíduos orgânicos produzidos no Estado do Amazonas são desperdiçados. O Novo Centro de Tratamento e Transformação de Resíduos que estamos implantando em Manaus terá uma usina de compostagem semelhante a que implantamos em Taubaté. Podemos transformar esses resíduos em um composto de valor, sustentável e que trará muitos benefícios para a cidade e para a população”, reforça o executivo.