CPI da Covid dividiu a investigação sobre suposta omissão e corrupção do governo federal na pandemia em subgrupos. Em reunião, os senadores entenderam que os documentos referentes a cada assunto serão apurados por sete núcleos.
A "força-tarefa" da CPI conta com o reforço das senadoras Simone Tebet (MDB-MS) e Eliziane Gama (Cidadania-MA), que não são titulares da comissão, mas têm comparecendo aos depoimentos e acompanhando as investigações. A ideia é que os núcleos ajudem a estruturar um material consistente, baseado nos documentos recebidos, para auxiliar na produção do relatório final, do relator Renan Calheiros (MDB-AL).
A compra da vacina indiana Covaxin vai ser apurada por um dos grupos por suspeita de corrupção na negociação. O Ministério da Saúde fechou contrato com a empresa Precisa Medicamentos e com a farmacêutica indiana Bharat Biotech, em 25 de fevereiro, para adquirir 20 milhões de doses por R$ 1,6 bilhão.
O contrato da compra do imunizante foi suspenso em 29 de junho pela pasta, após recomendação da Controladoria-Geral da União (CGU). Cada dose da vacina custaria US$ 15, preço mais caro dentre os imunizantes comprados no País. O valor do contrato ainda não foi pago, mas foi empenhado (reservado).
Outro núcleo vai investigar a atuação de intermediários na compra de vacinas. Essa frente de apuração ficará com o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI.
Outro grupo vai mirar nas denúncias feitas pelo ex-governador do Rio Wilson Witzel, sobre possíveis irregularidades na administração de hospitais federais fluminenses. Essa parte da investigação, que vai avaliar contratos e vínculos de organizações sociais com os hospitais, ficará a cargo do senador Humberto Costa (PT-PE).
Witzel falou à CPI em 16 de junho. No depoimento, disse que os hospitais do Rio tinham "um dono". "Os hospitais federais, os hospitais federais são intocáveis, ninguém mexe ali. Tem um dono, e esta CPI pode descobrir quem é o dono daqueles hospitais federais", declarou na ocasião.
Costa também ficará com a investigação sobre os ganhos milionários de farmacêuticas com a venda de medicamentos com ineficácia comprovada contra a covid. Remédios como cloroquina e ivermectina compõem o tratamento precoce contra a doença e são incentivados pelo presidente Jair Bolsonaro. A CPI quer saber quem faturou com a venda desses medicamentos.
Outra linha de investigação vai focar no negacionismo do governo federal no enfrentamento da pandemia e na propagação de fake news. Estes temas ficarão a cargo do relator do colegiado, Renan Calheiros, e do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE).
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