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É preciso saber diferenciar o sucesso de bilheteria da qualidade de um filme. Quantas produções milionárias são extremamente questionáveis (os recentes “Jurassic World”) e outras com fraco desempenho financeiro se mostram ótimos filmes (“Moonlight”, por exemplo)?


“Capitã Marvel” arrecadou US$ 455 milhões no primeiro fim de semana, o que, sem dúvida, comprova a força da franquia nos cinemas mundiais. Por outro lado, apesar do belo discurso feminista, o filme não apresenta absolutamente nada novo, sendo uma diversão perto do esquecível logo que terminada.

O filme mostra Carol Danvers (Brie Larson), uma jovem que está ao lado dos Krees em uma luta para exterminar os Skrulls. Porém, ao retornar à Terra, ela recorda o passado vivido na Força Aérea americana e, com a ajuda de Nick Fury (Samuel L. Jackson), encara o conflito alienígena, enquanto lida com o processo de descoberta de si própria.
Dirigido pelo dupla Anna Boden e Ryan Fleck (das séries “Billions” e “Room 104”), “Capitã Marvel” cumpre à risca todos os manuais de um filme de origem: temos a protagonista levemente perdida em meio a um combate muito maior que ela imagina poder dar conta, a descoberta dos poderes, um passado nebuloso, a aliança com companheiros importantes para superar as adversidades, derrotas no meio do caminho até a confiança em si ser estabelecida para ganhar do vilão no final.

Porém, passados mais de 10 anos desde “Homem de Ferro” e após termos presenciado o excelente “Pantera Negra”, soa pouco para “Capitã Marvel” que tudo seja tão mais do mesmo. As piadas, as lutas, a história são um constante déjà-vu. Nada simboliza isso de forma mais clara como a “reviravolta” envolvendo o personagem de Jude Law: completamente sem impacto por ser bastante previsível. Nem mesmo o figurino, o design de produção e a trilha sonora com Guns, Nirvana chegam a encantar, pois, já fora feito melhor em “Guardiões da Galáxia” e até mesmo “Thor”.
O tédio não toma conta totalmente pela sequência empoderadora de Carol levantando seguidas vezes ao longo da vida: ali, “Capitã Marvel” mostra algo novo dentro do Universo Marvel e até faz esquecer momentaneamente como demorou para vermos uma protagonista mulher nos filmes do estúdio. É o tipo de mensagem que mostra para meninas de diversos cantos do mundo o seu poder acima de qualquer tentativa de repressão, enquanto uma nova geração de meninos pode despertar para uma maior empatia e colaborar para um mundo mais justo. 

Sonho? Talvez, mas, por que não?
Por fim, destaca-se o ótimo trabalho de Brie Larson, carismática, divertindo-se demais e segura como heróina, e um Samuel L. Jackson cada vez mais levando tudo na zoeira. Com as pequenas explicações para alguns mistérios do Universo Marvel – a origem do tapa-olho de Fury pode ser frustrante para muita gente – e uma cena pós-crédito de ponto de partida para “Vingadores: Ultimato”, “Capitã Marvel” até permite sair com a sensação de que é um bom filme.
No fundo, porém, trata-se de uma obra mediana salva por uma única boa cena de fato. Isso independente dos milhões (bilhões, talvez) que ganhe nos cinemas mundo afora.

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