Quando ainda era moleque lá na Cachoeirinha, ouvi uma historinha de um amigo que era conhecido como Chico Cavalinho. Ele era um cara engraçado e me contou a história sobre a origem do samba:
— Certa vez, dois malandros trajando calças de linho, sapatos brancos, camisas de listras vermelhas e chapéu palha, que moravam em uma favela, vinham andando em sentido contrário sobre um córrego que tinha como ponte apenas uma tábua. O que vinha de lá queria passar primeiro e pediu para o outro retornar e sair do caminho. O que vinha daqui também queria a mesma coisa e pediu pro outro recuar. Mas nem um queria abrir mão do seu direito.
No calor da discussão, um deles puxou uma faca e ameaçou.
— Eu te cutuco!
E o outro:
— Não me cutuca!
— Eu te cutuco!
— Não me curuca!
E ficou naquele bate-boca:
— Eu te cutuco, não cutuca, eu te cutuco, não cutuca…te-cutuco-não-cutuca-te-cutuco-não-cutuca-te-cutuco… E assim nasceu o samba!
A piadinha foi só para ilustrar que o samba, a pauta de hoje do Curumim, é uma música para cima, que leva alegria, poesia e irradia felicidade a quem ouve. Tenho grande amigos sambistas, com quem ao longo da vida estabeleci parcerias na música e com alguns até ganhei alguns concursos.
Com eles aprendi muitas coisas. A principal delas é que uma roda se samba serve como uma espécie de batismo para eternizar amigos. Amigos e parceiros que carrego para sempre no meu coração de poeta apaixonado por música: Edu do Banjo, Dudu Brasil, Mestre Pinheiro, Assis, Caio do Cavaco, Rui de Carvalho, Júnior Rodrigues, Armandinho & Felica, Zeca Torres, Jorge Mussa. Todo esses caras, amiguinhos, são verdadeiros bambas. Na música e na vida. E por isso esta edição é dedicada a eles . E a todos vocês que curtem um bom samba.
Como diz a letra de um dos mais tradicionais sambas da MPB, “quem não gosta de samba/ bom sujeito não é/ é um ruim da cabeça/ ou doente do pé!”
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