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No primeiro dia de trabalho na Casa Branca, após três noites no hospital militar Walter Reed, Donald Trump disse ontem que pretende ir ao debate com Joe Biden, no dia 15, e tentou tirar sua saúde do centro das atenções. Em isolamento e impedido de fazer comícios em razão da Covid, ele fez campanha pelo Twitter.

A maior parte do foco de Trump se voltou a ataques contra Biden. Ele disse estar “ansioso” para participar do segundo debate, mas não é possível saber se o presidente estará curado ou se ainda será um agente de transmissão. Hoje, o debate será entre os candidatos a vice. Por exigência da democrata Kamala Harris foram instaladas placas de acrílico entre ela e o republicano Mike Pence no encontro em Salt Lake City.

Em uma decisão surpreendente, Trump rompeu ontem as negociações com o Congresso sobre um novo pacote de estímulo econômico a ser oferecido durante a pandemia. Segundo ele, a articulação está suspensa até a eleição. Trump acusou a presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi, de ser a culpada pelo fracasso.

A decisão provocou surpresa entre analistas políticos. A economia é o ponto forte de Trump e a maioria dos americanos defende um novo pacote de socorro de US$ 2 trilhões. “Claramente a Casa Branca está em desarranjo”, disse Pelosi, que sugeriu que os esteroides que Trump tomou para combater a Covid estão afetando seu pensamento.

Respiração de Trump preocupa médicos

A estratégia de tirar das manchetes o seu estado de saúde, no entanto, pode beneficiar o presidente.

– Trump oscilou negativamente nas pesquisas desde sexta-feira, a doença criou insegurança. A campanha pretende mudar a agenda. E a expectativa do partido é que, daqui a quatro ou cinco dias, ninguém fale mais da infecção – afirma o professor da Universidade George Washington, Maurício Moura.

A divulgação de informações sobre a saúde do presidente também se tornou mais discreta. Diferentemente dos últimos dias, não houve entrevista coletiva nem atualizações médicas. A única novidade foi um relatório em que o médico Sean Conley afirma que Trump está sem sintomas e com sinais vitais estáveis, com nível de saturação de oxigênio entre 95% e 97%.

Segundo o New York Times, o presidente pensou em fazer um pronunciamento nacional ontem, mas aparentemente desistiu. O clima na Casa Branca é de preocupação com a propagação do vírus. Ao menos 19 pessoas que estiveram em contato com o presidente ou que participaram da cerimônia de nomeação da juíza Amy Coney Barrett à Suprema Corte, feita na Casa Branca há dez dias, foram infectadas.

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