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Decisão de não rebaixar escolas enfraquece (ainda mais) credibilidade do Carnaval de Manaus

O rebaixamento é um elemento fundamental para estimular a competitividade e a qualidade dos desfiles. Quando essa dinâmica é alterada, a festa perde sua essência e a confiança do público é minada.

Público ficou aquém do esperado no Carnaval de Manaus - Foto: Arthur Castro

O Carnaval de Manaus, já fragilizado por anos de dificuldades estruturais e falta de organização, agora enfrenta mais um golpe em sua credibilidade. Em uma decisão tomada no dia 27 de fevereiro, os presidentes das escolas de samba do Grupo Especial determinaram que, excepcionalmente em 2025, nenhuma agremiação será rebaixada para o Grupo de Acesso. A medida, oficializada por meio de ofício encaminhado à Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Amazonas, compromete o caráter competitivo do evento e levanta questionamentos sobre a lisura da disputa.

A decisão ocorre após um pedido formal das escolas, que alegaram "melhorias no nível dos desfiles" e um suposto "fortalecimento das agremiações". Além disso, ficou definido que duas escolas do Grupo de Acesso subirão para a elite do samba manauara, ampliando o Grupo Especial para dez agremiações. Com isso, os desfiles serão divididos em duas noites no próximo Carnaval.

A suspensão do rebaixamento, no entanto, reforça um problema recorrente em competições carnavalescas de menor projeção nacional: a flexibilização de regras para atender interesses das agremiações, enfraquecendo a disputa.

O rebaixamento é um elemento fundamental para estimular a competitividade e a qualidade dos desfiles, garantindo que apenas as melhores escolas permaneçam na elite. Quando essa dinâmica é alterada, a festa perde sua essência e a confiança do público é minada.

O pedido feito pelas escolas e o que ficou decidido

Contradição

Essa decisão também sugere uma contradição. Se há um crescimento expressivo da qualidade dos desfiles e uma melhora estrutural, como apontado no documento assinado pelos representantes das escolas, não haveria razão para temer o rebaixamento. O Carnaval de Manaus já enfrenta dificuldades para atrair investimentos e patrocinadores, e medidas como essa tendem a afastar ainda mais o interesse do público e das empresas.

O argumento de que a mudança visa a valorização do espetáculo esbarra na realidade de um Carnaval que precisa urgentemente de profissionalismo e transparência. Para que o evento cresça e se consolide no cenário nacional, é essencial que regras sejam cumpridas e que a competição seja tratada com seriedade. Sem isso, o Carnaval de Manaus corre o risco de se tornar apenas uma festa protocolar, sem emoção e sem credibilidade.

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