Após meses trabalhando contra o que chamava de "vacina chinesa do João Doria", o presidente Jair Bolsonaro passou a tentar surfar a existência do imunizante Coronavac, para irritação do governador tucano de São Paulo.
"Além de negacionista e terraplanista, [Bolsonaro] agora se tornou também um oportunista", disse o governador à reportagem.
O anúncio de que o envio de 5.400 litros do princípio ativo da Coronavac da China para o Instituto Butantan, feito por Bolsonaro nesta segunda (25), contrariou o governo paulista.
Afinal de contas, a notícia havia sido dada na quarta passada (20) pelo diretor do Butantan, Dimas Covas. A fala de Bolsonaro foi vista como hipócrita por integrantes da cúpula do governo paulista.
Em nota posterior, Doria afirmou que "não é verdade" a versão federal. "Todo o processo de negociação com o governo chinês foi realizado pelo Butantan e pelo governo de São Paulo, que vem negociando com os chineses a importação de vacinas e insumos desde maio do ano passado."
Popularidade
A mudança de orientação de Bolsonaro, depois de meses de negação da gravidade da pandemia, é notada no mundo político como um sinal de desespero. A popularidade do presidente no momento de agravamento da crise e início da vacinação no país com a patronagem de Doria e sua Coronavac caiu, segundo o Datafolha.
Sua popularidade se inverteu: a aprovação a Bolsonaro caiu de 37% para 31% de dezembro pra cá, enquanto a rejeição subiu de 32% para 40% no período.