Ir para o conteúdo

DPE-AM aciona autoridades federais para solucionar lixão peruano na tríplice fronteira

Órgão enviou ofícios ao presidente Lula e aos ministros Marina Silva e Mauro Vieira solicitando atuação para resolver o problema socioambiental

Foto: Reprodução

A Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM) enviou ofícios ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, à ministra Marina Silva (Meio Ambiente) e ao ministro Mauro Vieira (Relações Exteriores) solicitando cooperação interinstitucional para solucionar um impasse internacional envolvendo a poluição das águas do Javarizinho, braço do rio Javari, afluente do rio Amazonas, na região da tríplice fronteira Brasil-Colômbia-Peru, causada por um lixão flutuante no vilarejo de Islândia, em território peruano.

Os documentos, produzidos pelo Grupo de Articulação e Atuação Estratégica para Acesso à Justiça dos Grupos Vulneráveis e Vulnerabilizados (Gaegruv), narram que, “na área peruana, há um lixão sobre o rio, sob céu aberto, contaminando as águas do rio Javari, potencialmente adoecendo animais e seres humanos, incluindo povos indígenas e comunidades tradicionais, além de contaminar o meio ambiente com restos orgânicos e até mesmo lixos hospitalares”.

A Defensoria Pública aponta que os vulneráveis mais afetados pelas consequências do problema ambiental-sanitário são potenciais assistidos da instituição, principalmente da cidade de Benjamin Constant, vizinha a Islândia e que é banhada pelas águas do Javarizinho, que correm no sentido do vilarejo peruano para a cidade brasileira.

Foto: Reprodução

Por esta razão, a DPE-AM está buscando uma mobilização interinstitucional para obtenção de cooperação internacional na solução do impasse, além de colocar-se à disposição para apoio referente à proteção dos direitos humanos e dos necessitados.

“Quando falamos em crise ambiental, falamos também em violações de direitos humanos. Este não é um conceito abstrato para as comunidades ribeirinhas da tríplice fronteira, que estão expostas a uma situação alarmante, com água contaminada, lixo hospitalar e riscos graves à saúde. São pessoas que, historicamente, não têm a quem recorrer — e é justamente por isso que estamos atuando. É um caso além da fronteiras e exige resposta urgente do Estado brasileiro, em cooperação com os demais países envolvidos”, destaca o Defensor Público Geral do Amazonas, Rafael Barbosa.

Problema persiste há décadas
Relatos de moradores de Benjamin dão conta de que o lixão flutuante a céu aberto existe há pelo menos 20 anos, tempo em que população local vem cobrando as autoridades por uma solução.

Coordenador do Gaegruv, o defensor público Maurilio Casas Maia explica que a DPE-AM tomou conhecimento do caso após repercussão na imprensa recentemente. “Diante disso, o Gaegruv organizou-se para que ainda, em meados desta semana, pudesse provocar as autoridades que têm atribuição no campo da intermediação internacional e da questão ambiental também no plano federal para que se possa dar um encaminhamento realmente decisivo e incisivo para solucionar um problema que, feita as investigações, descobriu-se que é um drama que afeta aquela população há muitos anos”, destaca.

“A Defensoria do Amazonas almeja dar visibilidade à questão com a finalidade de encaminhar o caso para soluções efetivas e à satisfação das necessidades mais básicas da população vulnerável atingida, especialmente às de natureza ambiental e de saúde”, acrescenta.

Risco à saúde e ambiental
O risco ambiental e sanitário a que a população está sujeita é extremamente grave, alerta o defensor Renan Nóbrega de Queiroz, que atua no município. “Há grande potencial de dano ao ecossistema, afetando a região do Alto Solimões, sobretudo a população vulnerável, incluindo os povos indígenas e comunidades tradicionais”, observa.

De acordo com o defensor, a liberação de substâncias tóxicas e materiais pesados decorrentes do lixão irregular poderá afetar o abastecimento de água e a cadeia alimentar com a contaminação da fauna e consequente proliferação de doenças. “Por isso, é imprescindível que se estabeleça uma parceria conjunta com as autoridades do país vizinho para adequada destinação ambiental desses rejeitos”, ressalta.

Publicidade BEMOL
Publicidade TCE
Publicidade ATEM
Publicidade Parintins
Publicidade UEA

Mais Recentes