Um áudio obtido pela Polícia Federal a partir do celular de Jair Bolsonaro revelou que o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) admitiu ao pai que sua articulação política nos Estados Unidos não tinha como objetivo uma anistia ampla para os condenados do 8 de janeiro de 2023. A prioridade era outra: assegurar a impunidade do ex-presidente no processo em que responde por tentativa de golpe de Estado.
De acordo com relatório da PF que integra o inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), Eduardo deixou claro que uma “anistia light” teria efeito limitado e, pior, poderia custar o apoio internacional conquistado junto à extrema direita norte-americana.
“Se a anistia light passar, a última ajuda vinda dos EUA terá sido o post do Trump. Eles não irão mais ajudar. (…) Você estaria igualmente condenado final de agosto”, alertou Eduardo em mensagem ao pai.
No diálogo, o deputado orienta Bolsonaro a refletir sobre os rumos da estratégia:
“Tire do cálculo o apoio dos EUA. Qual estratégia você tem para atingir qual objetivo? É simples”, escreveu.
Eduardo ainda mencionou que passaria os dias “de olho nas redes do Trump, torcendo para novidades sobre ações” que pudessem beneficiar o ex-presidente.
Prisão domiciliar e julgamento
O inquérito que investiga a tentativa de Bolsonaro de escapar do julgamento já resultou na aplicação de medidas cautelares. Após descumpri-las, o ministro Alexandre de Moraes decretou a prisão domiciliar do ex-presidente, que segue válida.
O julgamento da ação penal sobre a trama golpista no STF está marcado para o dia 2, quando será decidido o futuro político e jurídico de Jair Bolsonaro.