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João Tayah - enfim um delegado que não é de extrema-direita

Para cada policial de esquerda que concorre a cargos políticos, há pelo menos 20 de direita. Tayah vem forte por uma vaga na Câmara.

Marcelo Ramos e João Tayah - Foto: Ascom

Segundo pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, para cada policial de esquerda que concorre a cargos políticos, há pelo menos 20 de direita. Em Manaus não é diferente. Depois da eleição dos bolsonaristas Capitão PM Alberto Neto (PL), Delegado Pablo, da Polícia Federal, Capitão PM Carpê (PL) e outros que abandonaram a farda para vestirem o paletó  de políticos, a maioria de agentes de segurança pública acredita que pode se eleger sob a  bandeira da extrema-direita.

São todos? Não, o delegado João Victor Tayah, 38 anos,  candidato a vereador pelo PT na eleição de 6 de outubro,  abraçou a bandeira da esquerda petista ainda na época estudantil, aos 18 anos. Durante a passagem de 10 anos pelo Psol disputou o cargo de vice-governador na chapa de Luiz Castro, na eleição suplementar de 2017. Depois do golpe que desfechou o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), Tayah retorna ao PT onde hoje disputa uma cadeira na Câmara de vereadores.

— Quando me filiei na juventude, o bolsonarismo como movimento político sequer existia. Em 2006, o Amazonas reelegeu Lula com 80% dos votos. Então nem sempre Manaus foi tomada pelo fascismo, como vemos hoje – comenta o candidato, que nesta entrevista ao marioadolfo.com fala de sua história política desde o movimento estudantil e antecipa  qual será o foco de seu mandato no parlamento municipal. Confira:

marioadolfo.comQuem é João Victor Tayah e por que quer ser vereador?

Delegado  Tayah – Sou bacharel em Direito pela UFAM,  Especialista em Gestão Pública pela UEA, especialista em Direito Público pela Universidade Anhanguera (Uniderp) e Mestre em Segurança Pública, Cidadania e Direitos Humanos pela UEA. Sou filho de uma família tradicional que já tem um político (Isaac Tayah, primo de minha mãe, que está no 5º mandato de vereador), pertencente a um aspecto ideológico diferente do  meu. Quero ser vereador porque acredito que a boa política, apesar do desgaste dos políticos tradicionais,  pode mudar a vida das pessoa e de uma cidade.

Tayah é delegado e de esquerda

marioadolfo.comGeralmente policiais são de direita, em sua grande maioria bolsonarista. O senhor disputa uma eleição pelo PT. Então, se considera de esquerda?

Delegado  Tayah – Eu me considero de esquerda por me enxergar como trabalhador. A direita defende o estado mínimo e a redução de direitos sociais, inclusive dos trabalhadores. Tal visão de mundo aprofunda desigualdades sociais e pobreza, que desencadeiam o aumento da criminalidade que nós, policiais, enfrentaremos com nossas próprias vidas. Portanto não há motivo plausível para que policiais sejam de direita.

marioadolfo.comO que o levou a decidir pelo PT, partido do presidente Lula, numa cidade tida como bolsonarista?

Delegado  Tayah – Eu me filiei ao PT com 18 anos de idade. Depois fui para o PSOL, onde permaneci por 10 anos e me candidatei ao cargo de vice-governador ao lado do meu amigo Luiz Castro. Retornei ao PT após o golpe contra Dilma, para engrossar as fileiras de luta contra o fascismo. Mas quando me filiei na juventude, o bolsonarismo como movimento político sequer existia. Em 2006, o Amazonas reelegeu Lula com 80% dos votos. Então nem sempre Manaus foi tomada pelo fascismo, como vemos hoje.

marioadolfo.com Caso eleito, seu programa de governo vai focar na segurança, um dos problemas mais  graves de Manaus, já que é um delegado?

Delegado  Tayah – Sim, temos muitas propostas para a segurança pública, como o fortalecimento da Guarda Municipal, a criação de uma patrulha especializada na proteção da mulher, a criação de uma patrulha especializada ambiental, a criação da ronda escolar. Mas também temos muitas propostas nas áreas de educação e defesa dos direitos humanos.

marioadolfo.com Por sinal, como o senhor avalia a segurança de Manaus, uma das cidades que lideram. Os índices de assaltos e narcotráfico?

Delegado  Tayah – A segurança pública em Manaus está abandonada. Não só porque o governador precarizou as polícias, mas também porque o prefeito não tem feito a sua parte. A guarda municipal é minúscula. A iluminação nos bairros é deficiente. As praças estão abandonadas e tomadas pelo vandalismo e pelos traficantes. O ambiente que a prefeitura criou é propício à prática de crimes. Manaus é a capital com mais roubos e furtos de celular do Brasil. Possui uma média diária de três assaltos a ônibus. Então a situação é perigosíssima.

1.5K views · 257 reactions | 🚩 DELEGADO JOÃO TAYAH - PRÉ-CANDIDATO A VEREADOR 📲 Convido você a conhecer um pouco mais sobre nossas ideias e propostas, por meio das nossas redes... | By Delegado João Tayah | Facebook
🚩 DELEGADO JOÃO TAYAH - PRÉ-CANDIDATO A VEREADOR 📲 Convido você a conhecer um pouco mais sobre nossas ideias e propostas, por meio das nossas redes...

marioadolfo.com O senhor pensa também pautar como plataforma de um mandato as mudanças climáticas, que vêm provocando desastres ambientais no país, principalmente no Amazonas que vive uma grande estiagem?

Delegado Tayah – Manaus está no centro da maior floresta tropical do mundo e é a segunda capital menos arborizada do Brasil. Caso eleito, irei plantar uma árvore para cada voto que eu tiver. E irei lutar pela criação da patrulha especializada na proteção ambiental da Guarda Municipal.

marioadolfo.com Quando a política entrou na sua vida? O senhor é de uma família tradicionalmente política?

Delegado Tayah – Eu pertenci ao Grêmio Estudantil da antiga Escola Técnica Federal do Amazonas. Fui diretor do Diretório Central dos Estudantes da UFAM e Vice-Presidente da União Estadual dos Estudantes do Amazonas. Fui presidente e fundador do Sindicato dos Servidores do Ministério Público do Amazonas. Portanto, sempre estive à frente das lutas que visavam garantir a preservação e conquista de direitos aos grupos mais necessitados. Ser candidato é apenas uma das formas de fazer política. E eu decidi me candidatar pela primeira vez somente depois de já ser delegado de polícia, quando já havia conquistado minha estabilidade profissional, pois não pretendo fazer da política o meu meio de sobrevivência.

marioadolfo.com O senhor acredita na tese de que a classe política está desgastada? O que fazer para mudar esse má fama?

Delegado João Tayah – A classe política está desgastada, porque está inserida num ciclo infindável de corrupção do qual o eleitor também faz parte. Não adianta colocar a culpa de tudo nos políticos, se é o eleitor que não leva a sério a eleição, e no dia de votar junta um santinho do chão, vota em branco ou vende o voto. Enquanto o eleitor não se conscientizar de que é responsável pelo futuro da sua cidade, continuaremos a eleger políticos como os que estão hoje na Câmara Municipal, de baixíssimo nível.

Tayah nas ruas do centro
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