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Em 1992, Amazonino Mendes, então no Partido Democrata Cristão (PDC), decidiu largar o Senado e retornar ao Amazonas, que à época tinha Gilberto Mestrinho (PMDB) como governador e Arthur Virgílio (PSDB) como prefeito.

Ex-militante estudantil, líder da União dos Estudantes Secundaristas (UESA) nos anos de chumbo, ele já tinha sido prefeito biônico e governador pelo voto direto. O anúncio de que decidira disputar a prefeito foi feito no festival de Parintins, em primeira mão, ao jornalista Mário Adolfo, então Editor Assistente do jornal Em Tempo.

–  Em uma noite, na solidão de um hotel em Brasília, ouvi a música “É o Amor”, do Zezé de Camargo e uma onda de melancolia invadiu meu coração. E um sentimento tomou conta de mim: Tenho que votar para o meu povo – contou o senador, carregando, como é de costume, na retórica emotiva.

Amazonino voltou para Manaus para enfrentar, de uma só tacada, Gilberto Mestrinho, Arthur Virgílio e os empresários de comunicação, Humberto Calderaro (A Crítica) e Francisco Garcia (A Notícia).

Amazonino, Alfredo Nascimento e Eduardo Braga
Amazonino disse que seu grupo ficaria no poder por 20 anos

Arthur havia lançado como seu sucessor, em acordo com Mestrinho,  o deputado federal José Dutra (PMDB), tendo como vice o médico Wilsom Alecrim. Amazonino escolheu para vice, um jovem político, Eduardo Braga, que depois de passar pela Câmara Municipal e Assembleia Legislativa, exercia o cargo de deputado federal, como uma votação histórica.

Para sair do rame-rame, Amazonino lançou o que ele convencionou de chamar de Nova Escola política, composta praticamente de jovens políticos da época – Eduardo Braga, Omar Aziz, Alfredo Nascimento, Pauderney Avelino, José Melo, Ari Moutinho Filho, Washington Régis, Roberto Sabino, Francisco Bambolê, Aninha Silva,  Rosaline Pinheiro, Robson Tiradentes.

Desse time, sairiam três governadores (Eduardo, Omar e José Melo), dois prefeitos (Eduardo e Alfredo); dois senadores (Braga e Omar) e vários deputados federais e estaduais.

Bosco Saraiva, Lino Chíxaro, Amazonino, Carijó e Eduardo Braga
Amazonino e seu vice, o jovem Eduardo Braga

Foi uma campanha feroz.  Os adversários acusaram Amazonino de ser dono de um castelo na Europa, que abateu em um leilão, disputando como nada menos que Ayrton Senna, o  campeão das pistas de Fórmula 1. Certo dia, Amazonino tomou a mão de sua mulher Tarcila e, de posse de uma procuração, foi a um cartório de registros para doar o castelo a quem o encontrasse, para fazerem o que quiser com ele, brincar de manja, esconde-esconde.

Com um jingle fácil de cantar –“Amazonino, Amazonino/ é a esperança é a força do povo/ Amazonino” –  e o slogan “A Força que Vem do Povo”, o Negão ganhou a eleição contra tudo e contra  todos. O jornal A Crítica, por exemplo, que apoiava José Dutra, referia-se a ele como “o senhor dos Castelos” ou então “A. Mendes”.   Os adversários faziam sátira de seu jingle tratando-o como “é o mau menino/ é o mau menino/ quem vai enganar o povo é o mau menino”

Mãe Diná

Hoje, numa análise mais minuciosa, ficará confirmado o que Amazonino anunciou naquele 1992. “A nova escola política vai ficar no poder nos próximos 20 anos”. Ficou bem mais. Ele mesmo se elegeu governador mais duas vezes e os outros membros do grupo seguiram os mesmos passos, chegando também à Prefeitura, Governo, Senado e Câmara Federal. É claro que, nesse percurso, houve muita turbulência e arranca rabo. Além das acusações do tipo “você pagou/ com traição/ a quem sempre lhe deu a mão”.

Amazonino, Eduardo Braga Alfredo Nascimento, José Melo e Pauderney
Amazonino, Eduardo Braga Alfredo Nascimento, José Melo e Pauderney juntos
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