A Federação Psol-Rede protocolou, na quinta-feira (29), no Conselho de Ética do Senado, duas representações contra os senadores Marcos Rogério (PL-RO) e Plínio Valério (PSDB-AM), por agressões verbais contra a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, durante audiência pública na Comissão de Infraestrutura do Senado. A ministra é filiada à Rede Sustentabilidade, partido cuja criação liderou. As informações são do Congresso em Foco.
Os dois partidos pedem que Plínio e Rogério sejam punidos com a perda de mandato e solicitam que o caso seja comunicado ao Ministério Público Federal para possíveis providências na esfera penal.
Segundo a federação, as condutas dos parlamentares configuraram violação gravíssima à Constituição Federal, ao Código de Ética do Senado e à Lei 14.192/2021, que trata da prevenção e combate à violência política contra a mulher. As representações alegam que os ataques foram "machistas, misóginos, ilegais e abusivos", além de incompatíveis com o decoro parlamentar.
"O Brasil respeita a ministra Marina Silva por tudo que ela tem feito pela causa ambiental, o mundo respeita a ministra Marina Silva pelo seu trabalho incansável na luta pelo meio ambiente e nós exigimos que o Congresso Nacional também a respeite", afirmou a deputada Talíria Petrone (Psol-RJ), líder da federação.
Caso
As representações detalham os ataques sofridos pela ministra durante audiência na Comissão de Infraestrutura, presidida por Marcos Rogério, na última terça-feira (27). Durante a sessão, Rogério interrompeu diversas vezes a fala da ministra e chegou a afirmar: "Me respeite, ministra, se ponha no seu lugar". A declaração que gerou protestos no plenário e na própria comissão.
Já o senador Plínio Valério, que tem um histórico de declarações agressivas contra Marina Silva - em março, chegou a dizer que tinha vontade de enforcá-la -, afirmou na audiência que seria necessário separar "a mulher da ministra", acrescentando que "a mulher merece respeito, a ministra, não".
Após os ataques, Marina Silva decidiu se retirar da audiência: "Eu não posso aceitar que alguém me diga qual é o meu lugar. Meu lugar é o da defesa da democracia, do meio ambiente, da luta contra a desigualdade, da proteção da biodiversidade e da promoção da infraestrutura necessária ao país".
A ministra recebeu solidariedade do presidente Lula, de colegas de ministério, de parlamentares e de entidades da sociedade civil.