No dia 1º de maio de 1983, o domingo de Manaus amanhecia com o Curumim encartado no jornal A Crítica – à época com quase 60 mil exemplares em circulação –, surgia como o primeiro jornal do país com personagem próprio e trazendo como bandeira a defesa do meio ambiente, numa época em que isso não estava na moda.
O projeto era resultado de uma conversa entre o empresário de comunicação, Umberto Calderaro, diretor-presidente de A Crítica e o seu repórter de Cidades, o estudante de jornalismo Mário Adolfo Aryce de Castro.
Umberto Calderaro havia feito uma pesquisa para saber a opinião dos leitores do jornal e soube que eles cobravam um espaço para as crianças, já que A Crítica Infantil, editada pela filha do empresário, Cristina Calderaro, havia saído de circulação.
— Eu seu gabinete, ele perguntou se eu encarava o desafio, uma vez que era repórter no jornal diário e fazia a faculdade de Comunicação na Ufam. Haveria tempo? Respondi eu sim e fui para casa pensar.
De acordo com o jornalista e cartunista, o que o empresário não esperava é que ele apresentasse um projeto já com um personagem pronto, Curumim, “um indiozinho da Amazônia que questionava a civilização e seus contrastes” –, conta Mário, lembrando que, à época, os jornais publicavam tirinhas “enlatadas” da Disney, Maurício de Souza, Hanna-Barbera, Flash Gordon, Dick Tracy e outros.
Com a saída de Mário Adolfo de A Crítica, o Curumim passou a circular no jornal Em Tempo, lançado pela jornalista Hermengarda Junqueira, em 1987, onde permaneceu até 2018. Mátrio se desligou do jornal em setembro de 2019 e hoje o “último herói da Amazônia” circula nas redes sociais e em breve deverá circular na versão impressa.
O Curumim, que nesta quinta-feira, 1º de maio, completa 37 anos, cresceu e ganhou o mundo. Virou cartilha em quadrinhos lançada na Academia Real de Ciências Sueca, em Estocolmo; ilustrou livros didáticos da editora Saraiva; ganhou Menção honrosa no Prêmio Ayrton Sena, placa com983emorativa da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam); contou a história da ópera, no livro A.E.I. Ópera”, lançado na Bienal Internacional do Livro, no Rio de Janeiro; contou a história do livro na obra em quadrinhos “Meu Amigo Livro”, lançado na I Bienal Amazonas de Livro, e mais recentemente foi tombado como Patrimônio Cultural e Imaterial do Amazonas, através de projeto do deputado Dermilson Chagas.