Aglomerações e falta de cuidados são propícios a uma nova onda de crescimento de casos - Foto: Márcio Noronha/ TH
O governo federal vem recebendo alertas sobre a chegada de uma nova onda da pandemia de Covid-19 de secretários de estados e municípios. Segundo gestores do SUS (Sistema Único de Saúde) que participam das discussões, o ministro Marcelo Queiroga (Saúde) afirma ter preocupação sobre o cenário da crise sanitária, mas publicamente minimiza o risco de alta no curto prazo.
Em documentos internos, a Saúde reconhece que é incerta a evolução da doença “Não estamos vislumbrando isso nesse momento. A maneira adequada de se evitar terceira onda é avançar na campanha de vacinação”, disse o ministro nesta sexta-feira (21).
Ele afirmou que alguns estados e municípios já notaram “pressão sobre o sistema de saúde”. “Isso se relete pela abertura que foi concedida nesses estados.”
Presidente do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) e secretário no Maranhão, Carlos Lula afirma que alertou Queiroga, nesta semana, sobre possível alta da doença.
Para Lula, o recrudescimento da pandemia pode ser superior aos anteriores. “A gente já parte de um patamar muito alto”, disse o secretário.
No Amazonas
A variante B.1.617, identificada na Índia, ainda é considerada nova para pesquisadores, conforme explica o secretário Marcellus Campêlo. Por conta disso, gera uma preocupação maior, pois se mostra mais letal e com maior potencial de infecção.
“Essa (B.1.617) é a variante mais nova registrada no mundo. Mas, a OMS já declarou uma variante de preocupação. Nós temos visto o que está acontecendo na Índia, uma explosão de casos, de internação e, infelizmente, de óbitos. Então, ela tem preocupado todos os países e é necessária a vigilância máxima em relação a isso, é o que nós estamos fazendo. O que nós sabemos é que ela é muito mais contagiosa, muito mais letal também”, iniciou.
“Então, não sabemos como fica em relação à resposta da vacina a essa variante, os estudos ainda prosseguem. Esperamos que a vacina que nós estamos aplicando seja também eficaz em relação a essa variante, mas nós não podemos descuidar e precisamos avançar nos procedimentos de vigilância em relação a ela. Por isso que nós estamos reunindo toda a equipe de saúde do estado do Amazonas para tomarmos essas ações”, encerrou.
Sobre a vigilância em portos, aeroportos e fronteiras, o tema já está em discussão entre a FVS-AM e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que devem apresentar nos próximos dias um plano de ação para as autoridades competentes, focado no monitoramento e identificação da variante B.1.617 e das demais em circulação.
Cenário
Na reunião, realizada neste sábado, a FVS-AM apresentou dados epidemiológicos referentes à média móvel de casos e óbitos da Covid-19, de hospitalizações e a taxa de ocupação de leitos nos últimos dias, até o dia 19 deste mês.
O estado apresenta uma queda de 9% na média móvel dos últimos 14 dias de casos positivos, com 500 casos sendo registrados ao dia. Para óbitos, houve queda na média móvel de 53% se considerada a data de ocorrência.
O ponto de atenção da rede está nas hospitalizações na rede pública, que cresceu 14% em leitos clínicos e 117% em leitos de UTI, nos últimos 14 dias.
A taxa de ocupação de leitos Covid-19 na rede pública está em 35% para leitos clínicos e 56% para UTI.