Por ano, o Instituto de Criminalística do Amazonas (IC) faz cerca de 80 perícias relacionadas a incêndios no Estado. Grande parte dos casos é decorrente de instalações elétricas improvisadas, destaca o diretor do IC, perito Carlos Fernandes. Entre outras causas comuns, identificadas pela perícia, estão o superaquecimento de equipamentos e os acidentes provocados por propagação de fogo, como despejo de cigarros em locais inadequados.
“É muito perigoso você ter uma fonte calor próximo de algo que é combustível ou que fique alimentando a combustão”, afirmou o diretor do IC.
As perícias em locais de incêndio são realizadas por agendamento, após requerimento solicitado pela Polícia Civil do Amazonas (PCAM) que dá início a investigação sobre as causas da ocorrência. Fernandes explica que o exame de incêndio não pode ser realizado muito próximo da ação de contenção feita pelo Corpo de Bombeiros.
“Quando há ocorrência de incêndio, a primeira preocupação é com o rescaldo, quando o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil retiram todas as possibilidades de um acidente de trabalho. Geralmente, isso acontece um dia depois do incêndio, em média. É quando a delegacia do local encaminha ao Instituto de Criminalística a requisição de perícia, informando local e quesitos de interesse da investigação”, explicou.
Perícias –A requisição é passada ao setor de engenharia forense que inicia os trâmites periciais. Existem alguns tipos de incêndios: os naturais, os acidentais e os propositais. Cabe ao perito buscar os vestígios que caracterizam cada um deles.
“No local, é de interesse da investigação científica estabelecer a fonte de ignição, estabelecer o foco, ele investigar, examinar o tipo de propagação e os prejuízos causados. Esses são basicamente os tipos de vestígios materiais que o perito busca no local”, enfatizou Fernandes.
Para a coleta dos materiais, os peritos utilizam kits com ferramentas para coleta de materiais sólidos e líquidos, além de um sensor capaz de detectar a presença de combustível.
Cuidados –Em residências, pequenos cuidados são necessários para evitar ocorrência de incêndios. Segundo o major Janderson Lopes, do Corpo de Bombeiros, o ar-condicionado é considerado um vilão. “Muitas vezes, as pessoas deixam o equipamento ligado, justamente, pelo nosso período quente. Deixam ligado ao sair de casa para que fique refrigerado, podendo causar a faísca, e a pessoa não está dentro do quarto, começa o incêndio, se propaga pelos outros móveis e perde-se o controle e a casa toda acaba sendo tomada”, explicou o Lopes.
O major orienta que os responsáveis não permitam que crianças manuseiem isqueiros e fósforos. “Muitas vezes, as pessoas deixam as crianças brincando sozinhas, numa faixa etária em que elas já têm a curiosidade pelo fogo, e acabam brincando perto de um sofá, de uma cortina, tentando queimar um brinquedo e, nessa brincadeira, sem a supervisão de um adulto, o risco também se faz presente”, disse.
Panelas também não devem ser deixadas no fogo, sem supervisão, por muito tempo, já que a panela corre o risco de superaquecer, queimar o que está dentro, e provocar uma fumaça, que pode atingir móveis próximos, podendo haver um princípio de incêndio.