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Justiça mantém prisões de envolvidos no caso Djidja Cardoso

As decisões rejeitam pedidos de habeas corpus apresentados pelas defesas e reforçam que não há ilegalidade na manutenção das prisões

Foto: Reprodução

A Justiça segue mantendo presos os principais envolvidos no caso que chocou o Amazonas e ganhou repercussão nacional após a morte da ex-sinhazinha do Boi Garantido Djidja Cardoso, encontrada morta em Manaus, em maio do ano passado. Em decisão publicada no fim de dezembro, a Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou, por unanimidade, o pedido de liberdade de Ademar Farias Cardoso Neto, Cleusimar de Jesus Cardoso e Hatus Moraes Silveira. Eles são nvestigados na Operação Mandrágora, que apura um esquema de tráfico de cetamina e associação criminosa em Manaus. A matéria é do Extra.

As decisões rejeitam pedidos de habeas corpus apresentados pelas defesas e reforçam que, mesmo com a anulação das sentenças condenatórias, não há ilegalidade na manutenção das prisões. Inicialmente, Ademar, Cleusimar e Hatus haviam sido condenados a penas superiores a dez anos de prisão. No entanto, o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) anulou as sentenças ao reconhecer um erro processual: laudos toxicológicos foram anexados aos autos sem que a defesa tivesse oportunidade adequada de se manifestar antes do julgamento.

O STJ, no entanto, entendeu que a anulação da sentença não implica soltura automática. Segundo o relator, ministro Sebastião Reis Júnior, permanecem válidos os fundamentos da prisão preventiva, especialmente diante da gravidade concreta das condutas, do risco de reiteração criminosa e da necessidade de garantir a ordem pública.

Com a decisão, eles permanecem presos enquanto o processo continua tramitando na Justiça do Amazonas. Questões como nulidades na cadeia de custódia das provas e eventuais ilegalidades na investigação ainda poderão ser analisadas pelas instâncias inferiores.

Ademar está preso preventivamente e responde por tráfico de drogas, associação para o tráfico e organização criminosa. A defesa alegava que a prisão deveria ser revogada porque a sentença de condenação havia sido anulada por falha processual, além de sustentar excesso de prazo e fragilidade das provas. O irmão da artista é apontado como um dos líderes de um grupo que incentivava o uso indiscriminado de cetamina, anestésico de uso humano e veterinário.

Investigação

De acordo com a investigação da Polícia Civil do Amazonas, Ademar e a mãe, Cleusimar Cardoso, teriam criado e liderado um grupo de cunho religioso e espiritual chamado “Pai, mãe, vida”, que pregava uma suposta “expansão da consciência” por meio do uso frequente de cetamina. A substância, conhecida por causar alucinações e dependência, teria sido utilizada de forma contínua dentro da casa da família e também entre funcionários e pessoas próximas.

Além de Ademar e Cleusimar, outras cinco pessoas foram condenadas por tráfico e associação para o tráfico, entre elas um ex-namorado de Djidja, comerciantes suspeitos de fornecer a droga, um coach que atuava como personal da família e uma gerente da rede de salões de beleza dos Cardoso. Djidja foi encontrada morta aos 32 anos, e a principal linha de investigação aponta overdose de cetamina como causa da morte, embora o laudo oficial ainda não tenha sido divulgado.

Relatos de agressões, controle e dependência

O caso ganhou contornos ainda mais graves com o surgimento de relatos de violência física e psicológica. Em depoimento à polícia, uma ex-funcionária da casa afirmou que Djidja sofria agressões da própria mãe, que a beliscava, torcia seus braços e a tratava com agressividade. Segundo o relato, a ex-sinhazinha estava debilitada e frequentemente pedia para as agressões cessarem.

A testemunha também contou que havia um “código” interno para a compra da droga, que era dividida entre os membros da família. Familiares de Djidja chegaram a registrar boletins de ocorrência tentando ajudá-la, mas afirmam que eram impedidos de se aproximar.

Além das denúncias envolvendo Djidja, a investigação também reuniu relatos de outras pessoas que teriam sido atraídas para o círculo formado pela família Cardoso. Entre elas está Verônica da Costa Seixas, gerente de um dos salões de beleza da família, que passou a seguir os ensinamentos do grupo e a se submeter a protocolos físicos e espirituais incentivados por Cleusimar e Ademar. Segundo a polícia, o uso da droga era associado a discursos de fé, transcendência e “saída da Matrix”.

Depoimentos apontam que a adesão ao grupo vinha acompanhada de controle emocional, isolamento social e dependência química, criando uma relação de submissão com os líderes da seita. Funcionários e pessoas próximas relatam que mudanças bruscas de comportamento, emagrecimento acelerado e episódios de confusão mental passaram a ser frequentes entre os integrantes.

Outro nome citado nas investigações é o de Hatus Moraes Silveira, apontado como responsável por orientar rotinas de exercícios físicos e práticas corporais dentro do grupo. A defesa chegou a pedir a substituição da prisão por domiciliar, alegando problemas de saúde, mas o STJ entendeu que não houve comprovação de que o tratamento não pudesse ser realizado no sistema prisional.

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