Um líder religioso de 49 anos foi preso por suspeita de estuprar pacientes durante sessões terapêuticas em Socorro, interior de São Paulo. Segundo as investigações, ele dizia ter 'poderes superiores' e que pode ter dopado as vítimas.
O homem foi detido nesta segunda-feira (15). Os crimes aconteceram em um terreiro, em um consultório na casa dele, além da Santa Casa de Misericórdia, onde trabalhava como técnico de raio-X. Entre as vítimas estaria uma menor de idade.
Até sexta-feira (12), seis mulheres haviam prestado depoimento e outras três devem ser ouvidas nos próximos dias. A suspeita, porém, é de que ele tenha feito dezenas de vítimas desde, pelo menos, 2017.
De acordo com a polícia, o homem contava com a ajuda de uma suposta mãe de santo, que indicava os serviços dele. Dessa forma, se aproveitava da fragilidade das vítimas que procuravam o centro religioso em busca de suporte espiritual para atraí-las.
Segundo a apuração, o homem usava o espaço religioso para ganhar a confiança das pessoas, especialmente mulheres. Depois, se descrevia como uma pessoa com poderes superiores, capaz de curar dores físicas e emocionais, e indicava terapias de regressão, quiropraxia, ozonioterapia, hipnose e massagens. Cada sessão custava em torno de R$ 150.
Conforme o relato das pacientes, o homem oferecia um copo d’água antes de iniciar as sessões, com a desculpa de que “a água é uma condutora elétrica essencial para a terapia”. Muitas vítimas ainda teriam dito que, no momento dos abusos, ficaram sonolentas, sem força, e que não conseguiam reagir. A investigação não descarta a possibilidade da água ter algum remédio e destaca que o suposto terapeuta também usava técnicas de hipnose.
Além do mandado de prisão preventiva, os agentes também apreenderam na casa do suspeito, em Amparo (SP), um celular, aparelhos de mídias, remédios, brinquedos sexuais, seringas, várias munições e duas armas de fogo, sendo uma delas ilegal. Por esse motivo, ele também deve responder por porte ilegal de arma.
Santa Casa
Em nota, a Santa Casa disse que "está totalmente surpresa com os últimos acontecimentos envolvendo o Sr. J.M.M e que não tinha qualquer conhecimento sobre os casos de abuso sexual supostamente cometidos por ele".
A entidade ainda manifesta encarecidamente a sua solidariedade às eventuais vítimas. "No mais, se coloca inteiramente à disposição das autoridades para auxiliar no deslinde da questão, caso seja necessário".