O presidente Lula (PT) reafirmou que é contra o aborto, mas chamou hoje o projeto de lei que equipara o ato a homicídio de "insanidade".
A Câmara aprovou, em votação relâmpago, a urgência do PL que muda a legislação após 22 semanas de gestação mesmo em casos de gravidez derivada de estupro. Com a aprovação de urgência, a proposta pode ser analisada no plenário a qualquer momento, sem a necessidade de passar pelas comissões temáticas.
Questionado, Lula criticou a proposta. "É insanidade alguém querer punir uma mulher numa pena maior que o criminoso que fez o estupro. É, no mínimo, uma insanidade isso", afirmou em entrevista coletiva após o G7, na Itália.
Ele reafirmou, no entanto, que é contra o aborto, mas vê como questão de saúde. "Não é novidade. Eu, Luiz Inácio Lula da Silva, fui casado, tive 5 filhos, oito netos e uma bisneta. Eu sou contra o aborto. Entretanto, como o aborto é realidade, a gente precisa tratar como uma questão de saúde pública."
Foi a primeira vez que Lula tratou do projeto, aprovado quando ele estava em viagem. "Quando alguém apresenta uma proposta de que a vítima precisa ser punida com mais rigor do que o estuprador não é sério. Sinceramente, não é sério", afirmou.
O ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) já tinha afirmado ontem (14) que o governo não apoiará. "Não contem com o governo para essa barbaridade. Vamos trabalhar para que um projeto como esse não seja votado", disse.