Após o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, anunciar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros em retaliação a decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), o governo Lula (PT) decidiu intensificar sua presença pública e reforçar a comunicação com empresários. A medida americana, celebrada por aliados de Jair Bolsonaro (PL), é vista pelo Planalto como uma oportunidade política para associar o ex-presidente e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) a ameaças à economia nacional e à soberania do país.
O Palácio do Planalto lançou uma campanha centrada na defesa da soberania e da justiça brasileira. Um vídeo institucional, já divulgado nas redes sociais, apresenta o Brasil como um país independente que respeita suas leis e não se submete a pressões externas. A estratégia inclui o uso da imagem de Trump como símbolo de injustiça social e interferência estrangeira, reforçando o antagonismo com Bolsonaro e Tarcísio, cotado para a disputa presidencial de 2026.
Internamente, a Secretaria de Comunicação (Secom) orientou ministérios a evidenciar ações que combinem com a narrativa de combate à desigualdade, como o ressarcimento de beneficiários do INSS. Também foi iniciado diálogo com agências de publicidade sobre o novo enfoque da comunicação institucional. O presidente Lula já concedeu entrevistas à Globo e à Record, nas quais criticou a postura de Bolsonaro frente à decisão de Trump e defendeu a soberania brasileira.
O governo planeja ampliar o diálogo com o setor produtivo, especialmente o agronegócio e empresários simpáticos a Tarcísio. A proposta é construir alianças em torno da defesa de interesses nacionais, mesmo sem expectativa de conversão política. O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) foi escalado para liderar as negociações com o empresariado, e o Conselhão — grupo que reúne empresários e representantes da sociedade civil — deverá ser convocado.
Além disso, o Planalto estuda reunir o conselho de governadores para discutir o impacto da tarifa sobre as economias estaduais. A expectativa é que a comunicação do governo ganhe força com a avaliação pública do episódio e ajude a consolidar a imagem de Lula como defensor dos mais pobres e da soberania nacional frente a pressões externas e opositores internos.