Dos 630 milhões de litros de água captados diariamente do Rio Negro e tratados pela Manaus Ambiental, 40% são desperdiçados. A informação é da própria concessionária, uma empresa atualmente gerida pela Aegea.
Boa parte dessa água perdida é culpa do consumidor, que historicamente adota costumes reprováveis em relação à cidade e ao meio ambiente. Ligações irregulares, que normalmente deixam redes expostas e sujeitas a vazamentos, estão entre as causas que levam a essa perda da água tratada.
Vazamentos visíveis e invisíveis em tubulações e mau uso da água – como deixar torneiras abertas durante atividades cotidianas, tipo tomar banho, lavar louças, lavar carros e afins – completam a lista das principais causas que levam a água ser desperdiçada.
A Manaus Ambiental aponta que uma torneira aberta por 5 minutos desperdiça 80 litros de água. Já uma mangueira aberta por 30 minutos libera cerca de 560 litros de água e uma ducha durante 15 minutos consome 135 litros de água.
A concessionária informou que tem atuado para reduzir o índice de perdas de água na capital amazonense. A empresa implantou iniciativas como o projeto “Vem Com a Gente”, onde a concessionária vai aos bairros de Manaus e agiliza a solução para vazamentos e ligações, renegociações de débitos, vistorias, troca de titularidades, atualização de dados, cadastro de tarifa social, manutenção de rede e ainda faz ações de conscientização quanto ao bom uso da água. Em três meses foram realizados cerca de 30 mil atendimentos nos bairros Cachoeirinha, Raiz e Colônia Oliveira Machado.
A Manaus Ambiental informou, ainda, que está implantando redes aéreas de abastecimento em algumas regiões da cidade para facilitar os trabalhos de manutenção e acabar com vazamentos. A tecnologia é uma das mais modernas e simples no combate a perdas na rede de distribuição de água tratada. O grupo Aegea é um dos pioneiros no uso do método.
“É importante ressaltar que a água desperdiçada não pode ser aproveitada nem pelo consumidor e nem pela concessionária. Então, quando alguém desperdiça todos perdem, inclusive a natureza”, destacou a empresa em nota.
Redes aéreas
As redes aéreas, além de acabarem com os vazamentos, facilitam os trabalhos de manutenção. O primeiro bairro a receber as redes aéreas foi a Cachoeirinha, na zona Sul, em áreas de palafita da rua General Glicério e do Beco Nonato. As casas antes eram abastecidas por canos clandestinos, quase sempre submersos nos igarapés.
Além de ter contato direto com esgoto, as ligações possuíam vazamentos difíceis de serem localizados, principalmente nos períodos de cheia. A Manaus Ambiental substituiu a estrutura irregular por tubos elevados na altura das pontes de madeira, dentro dos padrões NBR e sem contato com o Igarapé. Os hidrômetros também foram afixados nas paredes das palafitas, na altura da entrada das casas.
Em dois meses, o bairro recebeu 430 metros de redes aéreas nos becos Nonato, Gal Glicério e Mestre Chico 2, atendendo 112 residências nesta região. A concessionária também realizou 1.536 metros de extensão de redes de água pela Cachoeirinha, beneficiando 334 residências. Os ganhos para a garantia da qualidade da água e maior facilidade no combate às perdas trazem mais eficiência e sustentabilidade ao sistema.
A Manaus Ambiental informou que com a nova gestão da Aegea, pretende investir R$ 880 milhões, nos próximos cinco anos, em esgotamento sanitário e abastecimento de água na capital. As ações fazem parte das metas da Aegea para que Manaus tenha, até 2030, 80% do esgoto coletado e tratado.
Amazonas investiu quatro vezes menos em saneamento do que a média nacional
O investimento por habitante no setor de saneamento básico no Amazonas é quatro vezes menos do que o quantitativo da média nacional. Um levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e divulgado no início deste mês com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que enquanto no Estado o investimento por habitante é de R$ 38,74, no Brasil o valor é de R$ 188,17.
São R$ 149,26 a menos em relação a média nacional. O levantamento mostra ainda que na Região Norte o gasto com saneamento por habitante é de R$ 75,82, ou seja, quase o dobro do que é investido por habitante no Amazonas.
Com investimento baixo, a coleta de esgoto é restrita. O levantamento da CNI mostra que apenas 7,3% da população do Estado tem coleta de esgoto. A média nacional é de 51,9% de esgoto coletado. E, nem todo esgoto coletado no Amazonas é tratado. Passa por processo de tratamento 96,3%.
Formado por 62 municípios, apenas 15 cidades do Amazonas têm plano de saneamento. O tratamento de esgoto está diretamente ligado a saúde. Em 25 cidades houve epidemias ou endemias relacionada a precariedade do serviço. Verminoses, diarreias, dengue e dermatites são as ocorrências mais comuns entre os municípios.