Consolidando-se como destaque no setor da construção civil no Norte do país, Manaus foi a capital da região que mais gerou empregos formais no setor no primeiro quadrimestre do ano. De janeiro a abril de 2025, Manaus registrou 1.026 novos empregos formais na construção civil, superando todas as demais capitais do Norte.
A capital amazonense também liderou o ranking de lançamento imobiliários. No primeiro quadrimestre, o número de apartamentos colocados no mercado da capital amazonense saltou de 431 para 1.900 unidades — um crescimento de 340,8% em relação ao mesmo período de 2024.
Estes e outros dados, que mostram a pujança da indústria da construção civil no Amazonas, foram apresentados nesta quarta-feira (18), durante o evento "CBIC Indicadores Regionais – Região Norte", promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) com apoio do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Amazonas (Sinduscon-AM).
Para o presidente da CBIC, Renato Correia, os números refletem a pressão por moradia nas capitais da região e a verticalização crescente de Manaus. “Trata-se de um crescimento expressivo para uma cidade com mais de 2 milhões de habitantes e um déficit habitacional superior a 103 mil moradias. Além disso, o setor contribui fortemente para o fortalecimento do emprego e da renda”, acrescentou. “Conectar os dados à formulação de políticas habitacionais e ao planejamento urbano é essencial para consolidar os avanços e garantir sustentabilidade ao crescimento”, destacou ainda.
O levantamento foi realizado em parceria com a consultoria Brain Inteligência Estratégica e apresentado pelo consultor da empresa Anderson Gonçalves. Ele destacou o papel das faixas de renda na composição da oferta imobiliária. Mais de 75% das unidades lançadas em Manaus no primeiro trimestre pertencem ao segmento econômico, vinculado ao Minha Casa, Minha Vida (MCMV). Os lançamentos dentro do MCMV cresceram 469% e a vendas, 66%, entre o primeiro trimestre de 2024 e igual período de 2025.
Segundo o vice-presidente da CBIC para a Região Norte e presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Amazonas (Sinduscon-AM), Frank Souza, o momento é estratégico para conectar informações de mercado com ações públicas. “Manaus teve crescimento expressivo tanto na base de trabalhadores quanto na criação de novos postos. Isso mostra resiliência e revela um ambiente que precisa ser valorizado com políticas públicas que mantenham o setor aquecido. O mesmo vale para os demais estados, cujos sindicatos e associações do setor estão atentos a esses resultados”, pontuou.
Geração de empregos dispara
Em sua apresentação, a economista-chefe da CBIC, Ieda Vasconcelos mostrou um panorama do desempenho econômico do setor na região e no Brasil.
Em relação ao crescimento na geração de empregos formais na construção civil, o destaque foi para ocupações no segmento de edifícios, com 706 vagas — alta de 52,8% em relação ao mesmo período de 2024.
No total, o número de trabalhadores formais da construção em Manaus chegou a 28.980 pessoas, o equivalente a 5,67% de todos os empregos da cidade. No estado do Amazonas, o setor emprega mais de 30 mil pessoas, ficando atrás apenas do Pará na região.
A participação do setor na geração de empregos é ainda mais expressiva: 10,96% dos novos postos de trabalho criados em Manaus no quadrimestre vieram da construção. No Amazonas, essa proporção é de 10,55%.
Manaus também concentra quase 12% de todos os estabelecimentos formais da construção na Região Norte, com 1.554 unidades — à frente de Belém e Palmas.
Para Ieda Vasconcelos, o avanço é relevante, mas não isento de desafios. “A cidade lidera em empregos e estabelecimentos formais, mas ainda enfrenta um déficit habitacional elevado, mão de obra qualificada escassa e o impacto da alta dos juros sobre o crédito imobiliário”, alertou.
Região Norte
Em toda a Região Norte, a construção civil gerou 3.475 novas vagas no quadrimestre. A queda de 36,8% em relação a 2024 foi puxada, principalmente, pelos desempenhos negativos de Acre e Pará. Por outro lado, Amazonas, Tocantins e Roraima elevaram os indicadores. Tocantins liderou com 1.119 novas vagas, seguido pelo Amazonas (1.006) e Roraima (919), que teve crescimento de 312%, especialmente, no segmento de infraestrutura.
Apesar do cenário desafiador, há otimismo em relação ao futuro. “A previsão é de expansão de 2,3% no PIB da construção civil no país em 2025. Mas o ritmo dependerá do ambiente de negócios, da confiança do investidor e da manutenção de programas habitacionais robustos”, concluiu Ieda.
O evento contou com a presença de lideranças empresariais e autoridades públicas, além de especialistas do setor da construção e teve patrocínio do Banco de Brasília (BRB) e apoio da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Amazonas (Ademi-AM) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-AM).