A nova planta será implantada pela Marquise Ambiental no CTTR Manaus e poderá produzir até 80 mil metros cúbicos de biometano, que, injetado na rede de gás, poderá abastecer em torno de 170 mil casas
A Marquise Ambiental, terceira maior empresa de soluções e serviços de gestão de resíduos, pretende investir cerca de R$ 150 milhões na primeira Usina de Biometano do Amazonas. O equipamento funcionará associado ao CTTR Manaus, Centro de Tratamento e Transformação de Resíduos também da Marquise, localizado a 40 quilômetros da capital.
O CTTR Manaus atende às diretrizes do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, em vigor no país desde 2022, para alcançar os objetivos da Política Nacional de Resíduos Sólidos que determina a destinação final e ambientalmente adequada, o que inclui reutilização, reciclagem, compostagem, recuperação e aproveitamento energético.
A partir dos resíduos depositados no CTTR,será possível produzir energia limpa e evitar que enormes quantidades de gases de efeito estufa sejam jogados na atmosfera em meio à Floresta do Amazonas.
O equipamento está pronto para operar e poderá receber até 75% de todos os resíduos produzidos no Amazonas, que se concentram em Manaus e municípios do entorno.
“No segundo a terceiro ano de funcionamento da Usina, será possível produzir biometano com potência para uso comercial. Se injetado na rede de gás, poderá abastecer, por exemplo, até 170 mil casas, em média com quatro pessoas, com redução de até 95% dos gases de efeito estufa”, esclarece Hugo Nery, diretor presidente da Marquise Ambiental.
O modelo que a Marquise ambiental pretende expandir para o CTTR Manaus é o mesmo da Usina de Biometano GNR Fortaleza, uma parceria entre o Grupo Marquise e o Grupo MDC Energia.
Inaugurada em 2018, a GNR Fortaleza é uma usina de produção de biometano localizada no município de Caucaia (CE). A usina capta e trata o biogás produzido no Aterro Municipal Oeste de Caucaia (ASMOC), que recebe os resíduos oriundos da Região Metropolitana de Fortaleza.
A Usina foi apresentada como modelo na série de reportagens do Jornal Nacional sobre reaproveitamento de resíduos pois é a única Usina no país que injeta biometano na rede de gás e abastece até 15% de todo consumo de gás do Ceará.
A produção da GNR Fortaleza evita que sejam lançados anualmente 500 mil toneladas de CO2 na atmosfera, pois a captura e tratamento do biogás tem impacto na redução das emissões de gases de efeito estufa. A Usina de Biometano da GNR Fortaleza é certificada pela ONU para emitir créditos de carbono e está inserida no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo.
Lixões no Amazonas
A região Norte do país, em especial o estado do Amazonas, é uma das piores regiões em relação ao tratamento ambientalmente adequado de seus resíduos, em meio à Floresta do Amazonas em que deveriam haver maiores investimentos na preservação do meio ambiente.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 31,9% dos municípios brasileiros ainda utilizam os lixões. O Norte é a região com maior quantidade de cidades que destinam resíduos para esses locais, com 73,8% dos municípios.
Os lixões causam sérios impactos ambientais, incluindo a poluição do solo, das águas subterrâneas e do ar. A decomposição do lixo depositado nos lixões resulta na infiltração de substâncias tóxicas que contaminam o solo e, eventualmente, alcançam o lençol freático. Além disso, a exposição dos resíduos à atmosfera pode provocar incêndios, uma vez que, ao contrário dos aterros sanitários, os lixões não são devidamente cobertos com terra. Essa combustão gera a liberação de gases, principalmente metano, que comprometem significativamente a qualidade do ar.