Um reencontro histórico que levou mais de 20 anos para acontecer. Foi assim que o jornalista e cartunista amazonense Mário Adolfo traduziu a entrega de seu livro 'Curumim, O Último Herói da Amazônia', ao professor e também jornalista José Ribamar Bessa Freire, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UErJ), que coordena o programa de estudos dos povos indígenas e, na UNIRIO, orienta o programa de pós graduação e mestrado em memória social.
Seu professor no final dos anos 1970 no curso de jornalismo da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Bessa é o autor do prefácio que abre o livro editado por Mário Adolfo dentro do programa da Lei Aldir Blanc, da Secretaria de Estado de Cultura (SEC).
O encontro do ex- aluno com o professor aconteceu na manhã desta sexta-feira, 21/01, em Niterói (RJ), onde Bessa reside hoje.
— Eram tempos difíceis, vivíamos numa ditadura onde até pensar era proibido, disse Bessa.
Mário lembra que desarmava o lado sisudo do curso desenhando charges durante as aulas e até respondendo questões de provas à base de cartuns - lembrou Bessa, que assina a coluna 'Taquiprati' há 30 anos no jornal Diário do Amazonas.
Mário Adolfo ainda contou que Bessa, além de professor e 'mentor político e cultural', foi um dos primeiros a enxergar que aqueles riscos e rabiscos desenhados às pressas eram o embrião das charges políticas, que logo em seguida seriam publicadas nos jornais A Crítica e Em Tempo, ambos de Manaus.
— Foi ele que convidou o aluno, então com 20 anos, para ilustrar o jornal Porantim, da causa indígena, com cartuns que circularam até em jornais da Europa, lembra Mário Adolfo.
Novo livro
Bessa também é o autor do prefácio do primeiro livro de Mário, 'É Tua Cara', em 1978, que reunia cartuns em páginas de cadernos com canetas esferográficas. O criador do Curumim explica que foi o trabalho no Porantim que fortaleceu as raízes indígenas, base para a criação do indiozinho dos quadrinhos.
O livro com a coletânea de quadrinhos e recortes e documentos da vida profissional de Mário Adolfo será lançado no primeiro semestre de 2022. O Curumim foi tombado, em 2018, como patrimônio cultural e imaterial do Estado do Amazonas, pela Assembleia Legislativa do Estado.