O momento de felicidade plena vivido por Marisa Monte em sua carreira transbordou no palco do Studio 5 nesta quinta-feira, 20/04, onde a cantora carioca cumpriu mais uma etapa da turnê com o show Portas, que vem percorrendo o País. Sem medo de errar, foi um dos mais belos espetáculos que já passaram pela casa da Rede Amazônica. Catando sucessos mais recentes como “Vilarejo”, “ Portas” (que dá nome ao show) e “Depois”, Marisa fez a galera cantar com ela ao avisar que começaria a “sessão flashback do show”.
— Só para ver como anda a memória de vocês!”, provocou, sob aplausos e assovios. A plateia respondeu provando que de memória vai bem, pois cantou com a artista clássicos como “Amor I Love You”, “Velha Infância”, “Ainda Bem” e “Não vá Embora”, grandes sucessos que levaram Marisa ao patamar de uma das maiores e mais bem sucedidas cantoras do Brasil.
Com um atraso de 25 minutos, o que deixou o público meio impaciente, principalmente a galera do “gargarejo”, que para não perder o lugar se manteve em pé sob um forte calor. Marisa entrou no palco por volta das 22h30, exibindo um figurino reluzente – um vestido de micropaetês em tons de cobre e prata em degradê. Na cabeça uma coroa de pedras prateadas dava o toque de luminosidade.
Para completar a cantora entrou no palco com uma capa transparente sobre o vestido, assinada por nada menos que Dolce & Gabanna. E se a intenção do figurino era fazer brilhar, Marisa brilhou literalmente.
A partir daí a plateia só queria ser feliz, cantando e dançando ao reviver canções que marcaram a trilha sonora de suas vidas. No êxtase, esqueceram até o calor.
Gentileza gera gentileza
Um dos momentos que marcou o show foi a forma diferente que Marisa Monte escolheu para apresentar sua banda, com carinho e gentileza. Dela para eles e deles pra ela. Para surpresa dos sessentões amantes da música. A cantora e compositora trouxe para a frente do palco o contrabaixista Dadi, uma verdadeira lenda da MPB. Para a garotada que estava na plateia, Marisa fez um resumo da carreira antológica do músico.
— Dadi é um pessoa que todo mundo que ficar perto. Começou a tocar aos 17 anos, com os Novos Baianos, passou pela banda de Jorge Benjor e no final dos anos 1970 e início de 1980 criou sua própria banda, A Cor do Som, com Armandinho, Mu e Ari. Dadi também foi a inspiração de Caetano Veloso para compor “Leãozinho” – revelou Marisa, enquanto a banda iniciava um rápido solo da música, que a plateia começou a cantar. “Gosto muito de você leãozinho/ caminhando sob o sol...”
De um hit para outro, Marisa apresentava um integrante da banda revelando outras grandes surpresas.
— Estou feliz de ver um sobrinho querido tocando aqui conosco. Um sobrinho que eu vi nascer, que vi crescer – e chamou Chico Brow, cujo DNA dispensa apresentações. Ele é simplesmente filho de Carlinhos Brown, neto de Chico Buarque, sobrinho-neto de Miúcha e primo de Bebel Gilberto. E muita música no sangue, não é não?
Ainda no desfile de talentos, Marisa destacou David Moraes, filho do saudoso Moraes Moreira e o percussionista Pretinho da Serrinha e o baterista Pupillo parceiros musicais mais recentes.
— Pretinho é da Serrinha, logo das escola Império Serrano. Eu sou da Portela, mas isso não importa. Ele também é apaixonado ama a Portela”, comentou antes de cantar "Elegante Amanhecer", um samba que fez com o percussionista para a Portela, mesmo ele sendo Império.
Foram duas horas de um show que nunca mais a gente esquece. Tão bom que, ao final, a plateia resistiu para trazer a artista de volta ao palco. Marisa cantou mais duas “ velhas” canções, entre elas o clássico 'Amor I Love You' e deixou para a despedida, quando os músicos já havia se retirado, a canção que foi começo de tudo – 'Bem que se quis', escrita por Nelson Motta para seu álbum de estreia. E mais uma vez a plateia cantou junto, afinal, véspera de feriado, a plateia só desejava ser feliz.