Investigações conduzidas pelo Ministério Público Militar (MPM) e um levantamento inédito do Superior Tribunal Militar (STM), feito a pedido do site UOL, mostram que, assim como as demais instituições brasileiras, as Forças Armadas também sofrem com os casos de corrupção. Os dados apontam para desvios milionários praticados tanto por praças quanto por oficiais. Os casos vão de cobrança de propina em contratos a roubo de peças de tanques militares.
A matéria vem de encontro exatamente no momento em que cresce o movimento pedindo a volta do governo militar ao Brasil, sob a alegação de que, com os militares, a corrupção deixaria de existir. A reportagem é de autoria do jornalista Leandro Prazeres.
O Ministério Público Militar (MPM) identificou, nos últimos dez anos, desvios de pelo menos R$ 191 milhões nas Forças Armadas. Boa parte deste valor é resultado de crimes como fraudes a licitações, corrupção passiva, ativa,peculato e estelionato.
Das 60 denúncias, 59 foram encaminhadas ao TCU (Tribunal de Contas da União) em meados de setembro. O encaminhamento foi feito a pedido do tribunal como parte dos procedimentos de controle das contas das Forças Armadas. A análise dos dados extraídos das denúncias oferecidas pelo MPM permite dizer que o perfil dos casos de corrupção nas Forças Armadas é semelhante ao de outras instituições públicas civis.
Há desvios causados por crimes como fraudes a licitações em hospitais militares, pagamento indevido de diárias a oficiais da Aeronáutica, desvio de combustíveis e apropriação de dinheiro público.
Para o procurador-geral da Justiça Militar, Jaime Cassio de Miranda, as Forças Armadas estão, como qualquer outra instituição, sujeitas à corrupção. “As Forças Armadas não estão imunes à corrupção. O crime existe. Tanto existe que estamos aqui”, disse.