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MPAM denuncia PMs e guarda municipal por estupro coletivo de indígena em delegacia

Acusados foram denunciados por estupro de vulnerável. Cinco já estão sob custódia, enquanto um dos acusados falta ser recolhido

Os crimes teriam ocorrido durante o período em que a vítima esteve sob custódia na delegacia de Santo Antônio do Içá - Foto: Divulgação

O Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM) ofereceu denúncia criminal contra os cinco policiais militares e o guarda municipal acusados de estuprar uma mulher indígena da etnia Kokama, de 29 anos. Os crimes teriam ocorrido de forma sistemática e coletiva, durante o período em que a vítima esteve sob custódia em uma delegacia em Santo Antônio do Içá (a 880 quilômetros de Manaus).

A denúncia imputa aos acusados a prática de estupro de vulnerável, conforme previsto no artigo 217-A do Código Penal, com a incidência da agravante prevista no artigo 61, inciso II, alínea "f", em razão da vulnerabilidade da vítima, a quem foi negada qualquer proteção, mesmo estando sob responsabilidade direta do estado.

A violência teria ocorrido por mais de nove meses, entre novembro de 2022 e agosto de 2023, dentro das dependências da 53ª Delegacia Interativa de Polícia (DIP) de Santo Antônio do Içá. A vítima, que havia dado à luz recentemente, esteve detida no local com seu bebê recém-nascido, em cela masculina, insalubre e sem qualquer tipo de assistência médica, jurídica ou psicológica.

A denúncia apresentada é resultado de uma investigação conduzida de forma integrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), pelo Gabinete de Assuntos Jurídicos (GAJ) Criminal e da Promotoria de Justiça de Santo Antônio do Içá, que reuniram provas contundentes — entre elas laudos periciais, depoimentos de testemunhas, exames médicos-legais e avaliação psicológica da vítima.

Violência e abuso de poder
De acordo com o MPAM, os fatos também configuram violência institucional e abuso de poder, uma vez que os acusados utilizavam da função pública para intimidar, ameaçar e silenciar a vítima e seus familiares. Após a transferência da mulher para Manaus, parte dos denunciados chegou a visitar a casa da mãe dela, em tentativa de impedir a continuidade das denúncias.

O caso ganhou destaque nacional após ser noticiado pelo Portal Sumaúma, acentuando a necessidade de respostas rápidas e efetivas das instituições públicas.

Prisão dos acusados
No último fim de semana, cinco denunciados foram presos preventivamente, por decisão da Justiça, menos de 24 horas após o MPAM apresentar os pedidos de prisão. Um policial militar, que ainda está em missão do governo federal em área de difícil acesso, será recolhido assim que voltar a Tabatinga, segundo informação do Comando Geral da PM.

Os mandados foram cumpridos por equipes da Polícia Civil e da Polícia Militar nos municípios de Manaus, Tabatinga e Santo Antônio do Içá.

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