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Prefeito é acusado de sedar e realizar aborto sem consentimento da vítima

Seis anos depois do caso, a Justiça do Tocantins acatou a denúncia do Ministério Público do estado e o homem se tornou réu

De acordo com a investigação do caso, o aborto aconteceu em 2017, dentro de um motel - Foto: Reprodução

A mulher que foi vítima de um aborto ilegal e sem consentimento contou que foi vítima de uma armadilha. Rafaela Maria dos Santos tinha um caso extraconjugal com o atual prefeito da cidade de Carolina, no Maranhão, o médico Erivelton Teixeira, acusado de ter realizado o procedimento. Seis anos depois do caso, a Justiça do Tocantins acatou a denúncia do Ministério Público do estado e o homem se tornou réu.

De acordo com a investigação do caso, o aborto aconteceu em 2017, dentro de um motel, em Augustinópolis, cidade do Tocantins próxima a Carolina, onde o médico também fazia atendimentos. O crime teria acontecido logo no primeiro encontro do casal após a descoberta da gravidez.

“Estranhei, porque a gente se hospedava sempre no mesmo hotel. Sempre ia para o mesmo hotel, e ele me levou pra esse motel. Chegamos, ele fez amor comigo ainda. Hoje me pergunto se fez amor comigo porque queria, de certa forma, se despedir”, contou Rafaela em entrevista ao Fantástico, veiculada nesse domingo (7/5).

Exame

Por ser médico e também prestar atendimentos na região, o prefeito estava com um aparelho de ultrassom portátil na ocasião. O combinado entre o casal era de que ele examinaria Rafaela no quarto de motel. No entanto, o exame foi uma desculpa para atraí-la para a situação.

De acordo com o Ministério Público do Tocantins, o que aconteceu no quarto foi um aborto sem o consentimento da gestante, que levou nove meses para registrar um boletim de ocorrência. Conforme o documento, Rafaela foi sedada por Erivelton, por duas vezes, com a desculpa de que faria também um exame de sangue.

Segundo ela, na primeira vez, o sedativo não fez efeito e, por isso, o prefeito teria dito que não tinha tirado sangue suficiente. “Na segunda vez foi horrível. Eu senti como se minha garganta fechasse ou alguém me apertasse. E eu olhei para ele e falei: ‘Eu não estou me sentindo bem’. Foi quando eu olhei para ele e já via tudo embaçado”, diz Rafaela.

A polícia acredita que o prefeito tenha realizado ele mesmo o aborto no motel. “Não houve qualquer divergência entre as testemunhas. Não há, por parte da Polícia Civil, dúvida de que aconteceu ali um aborto”, destaca Daniela Caldas, delegada.

Participação de vereador

À época, o vereador Lindomar da Silva Nascimento trabalhava como motorista do atual chefe do executivo de Carolina (MA). “O efeito demorou passar muito tempo. E quando eu comecei a acordar, eu estava dentro do carro, na estrada, voltando pra minha cidade, no banco da frente. E eu escutei a voz de outra pessoa. Foi quando eu olhei para trás e vi que o Lindomar estava no banco de trás”, disse Rafaela na entrevista.

Em mensagens de texto trocadas com Lindomar, ela desabafa sentir muita dor, ter vomitado e estar com as pernas dormentes. “Erivelton não podia ter feito isso comigo. E ainda me deixa aqui sem nem saber nem como me tratar, ele fez um aborto sem meu consentimento”, ressalta. “Eu estou sentindo dor demais, alguma coisa deve ter dado errado. Lindomar, pelo amor de Deus, fala com ele.”

Erivelton também se tornou réu no caso. Em nota, a defesa do vereador e do prefeito alega que seus clientes não foram notificados da ação penal e que tem total confiança em um veredito justo.

Nem o Conselho Regional de Medicina do Maranhão nem o do Tocantins têm registro de Erivelton Teixeira como obstetra. Nenhum dos dois conselhos respondeu ao pedido da reportagem sobre as denúncias contra o prefeito de Carolina.

A vítima teria se relacionado com o prefeito entre 2010 e 2013, quando terminou o relacionamento por descobrir que ele era casado. Depois do fim de um casamento, a mulher voltou a se relacionar com Erivelton em 2016 e ficou grávida alguns meses depois.

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