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Na Câmara, Vanessa vai trabalhar pela criação do Ministério dos Povos Indígenas, proposta anunciada por Lula

Governo Bolsonaro certificou 239 mil hectares de fazendas dentro de áreas indígenas.

Em 24 de abril de 2020, o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marcelo Xavier, e o secretário especial de Assuntos Fundiários do governo, Nabhan Garcia, fizeram um anúncio que deixou eufóricos os ruralistas apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) – A Instrução Normativa nº 9 (IN 09) da Funai, que permitiu certificações e registros de fazendas no Sistema de Gestão Fundiária (Sigef) federal, dentro de terras indígenas (TIs) ainda não homologadas.

Dois anos se passaram e o resultado não poderia ser outro.  A Agência Pública apurou que, nesse período, o governo Bolsonaro certificou 239 mil hectares de fazendas dentro dessas áreas — o equivalente a duas vezes o município do Rio de Janeiro, para se ter ideia.

— Um verdadeiro absurdo. E o crime não foi só este. Quando Sergio Moro (União Brasil) estava à frente do Ministério de Justiça e Segurança Pública, na qual Funai é subordinada, o governo travou 17 demarcações praticamente consumadas –, critica a ex-senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB), hoje candidata a deputada federal.

Vanessa acusa o governo de Jair Bolsonaro de colocar em prática, em seus quatro anos de mandato, uma política anti-indígena que abandonou a proteção os povos tradicionais e esfacelou a Fundação Nacional do Índio (Funai). “É por tudo isso que Bolsonaro foi denunciado no Tribunal Internacional Penal (TPI) de Haia pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e pela União dos Povos Indígenas (Univaja)”, comenta a candidata.

“O presidente Lula garantiu que
um indígena,  ou uma indígena,
será ministro nesse país. E com
toda a certeza  a Funai não será
mais dirigida por um branco”

Vanessa adianta que em seu próximo mandato na Câmara Federal vai trabalhar para ajudar o presidente Luís Inácio Lula da Silva na sua proposta de criação do Ministério dos Povos Originários. De acordo com a candidata do PCdoB, o anúncio de Lula enche de esperanças aqueles que lutam pela defesa das nações indígenas.

História de Vanessa com indígenas vem de lomga data

— O presidente Lula garantiu que  um indígena, ou uma indígena, será ministro nesse país. E com toda a certeza a Funai [Fundação Nacional do Índio] não será mais dirigida por um branco, sem nenhum compromisso com a causa indígena.

Em todos os seus mandatos, tanto de vereadora, deputada federal e senadora, Vanessa Grazziotin sempre esteve comprometida com a luta dos povos indígenas. Foi ela que, em 14 de setembro de 2017, foi a responsável, no Senado, pela criação de uma comissão externa do Senado para averiguar a denúncia de massacre de indígenas de uma tribo isolada na Terra Indígena Vale do Javari. A comissão, proposta pela senadora do Amazonas, realizou diligência nas cidades de Tabatinga e São Paulo de Olivença, no estado do Amazonas.

No mesmo ano, a Procuradoria da Mulher do Senado, presidida por Vanessa Grazziotin, denunciou dirigentes da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) de  usarem  indevidamente bens e recursos públicos, desmantelar as ações de saúde e de praticar assédio moral e sexual contra indígenas. As denúncias chegaram ao senado através de lideranças indígenas do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

O documento foi entregue a Vanessa durante reunião da  Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) dirigida pela presidente da CDH, Regina Souza (PT-PI).

Na ocasião, Regina Souza garantiu que a  CDH acompanharia  o caso. O mesmo compromisso foi firmado por Vanessa Grazziotin, que elogiou a coragem dos líderes e, em particular, das jovens indígenas, pela decisão de denunciar os assédios.
—  Sintam-se amparadas, pois estamos com vocês nessa luta –, disse naquele momento a senadora. O que de fato foi feito.

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