Com a certificação da Indicação Geográfica (IG), na categoria Indicação de Procedência (IP), pelo Inpi (Instituto Nacional de Propriedade Industrial), o abacaxi de Novo Remanso vilarejo localizado na microrregião de Itacoatiara, além de garantir sua procedência em lei, passa a agregar valor, qualidade e viabilidade de mercado locais, regionais, nacionais e internacionais. A expectativa manifestada em doses de otimismo é do diretor presidente da Associação de Produtores de Abacaxi de Novo Remanso (ENCAREM), Daniel Leandro, 36 anos, que no momento está empenhado em lançar a certificação do abacaxi mais doce do país, que a partir de agora passa a ter até QR Code.
— Viemos trabalhando já há algum tempo na construção do processo de construção e elaboração geográfica do abacaxi do Novo Remanso pelo Instituto Nacional das propriedades Industriais (Inpi), com o apoio técnico do Sebrae, explica Leandro, garantindo que o abacaxi que passa a chegar a no mercado é um produto com zero agrotóxico, cujo plantio é feito através do sistema de sustentabilidade, sem desmatar ou queimar a floresta.
Antes, através da agricultura regional, Novo Remanso plantava 15 mil mudas em 1 hectare. Hoje, neste mesmo espaço geográfico são plantadas 45 mil mudas, utilizando agricultura moderna mecanizada.
Em 2020, com a modernização do equipamento, que chegou através do apoio do Governo do Estado, a produção de abacaxi do Novo Remanso chegou a 100 milhões de frutos/ano. Isto significa dizer que atualmente o mercado absorve a produção de 1.300 agricultores, produtores de abacaxi, gerando cerca de 5.200 empregos diretos se contar o envolvimento dos familiares.
Semente do amanhã
A propaganda que fizeram do abacaxi do Novo Remanso ficar conhecido como o mais doce do país foi de boca em boca. “Em nenhum lugar do país se come um abacaxi tão saboroso”; “Ah, esse é o abacaxi mais doce do Brasil”, “Vou levar alguns para a minha cidade”. São algumas das frases que nos acostumamos a ouvir de turistas e visitantes que passam por Manaus e experimentam o fruto.
Mas essa é uma história de desbravadores, que remonta o ano de 1966, quando o sr. Antônio Beraldo iniciou o plantio de 30 mudas do fruto, semelhante à variedade de abacaxi Turiaçu, tradicionalmente plantada no Maranhão.
— É preciso que isso fique bem claro. A variedade de abacaxi que cultivamos no Novo Remanso, não é o pérola. É o turiaçú –, salienta Leandro, especificando que esta variedade tem a cor mais amarela, é mais doce e apresenta baixa acidez.
— Com ajuda de profissionais da Embrapa, desenvolvemos uma técnica de produção e colheita com desenvolvimento científico. Isso contribuiu para redução da acidez. Temos o abacaxi com menor acidez do mundo – , diz, orgulhoso, Daniel Leandro. Mas, qual seria a causa que diferencia esse fruto dos demais produzidos no mundo inteiro? De acordo com o presidente ada associação, a
Embrapa também identificou que, por estarmos abaixo do nível do mar, nosso solo produziu um fruto com menor acidez.
— Além do mais, temos a terceira grande quantidade de potássio no solo em nível nacional. Tão grande quanto a da Rússia, e isso também contribuiu para a redução da acidez –, explica Daniel Leandro.
Hoje, o abacaxi de Novo Remanso surfa na crista da onda. Além de liderar o mercado local em feiras supermercados – até na venda ambulante em semáforos e esquinas da cidade –, e de ter sido incorporado à merenda escolar de nossos estudantes, ele está chegando ao mercado de Boa Vista (RR). Com o selo de Indicação Geográfica (IG), certificação que vinha sendo buscada há tantos anos, está pronto para ser exportado para o exterior. Em tempo: Estados Unidos, China e alguns países da Europa já sinalizaram que estão interessados em abocanhar o abacaxi mais doce do mundo.