Por: Alita Falcão
Quanto mais polarizado qualquer cenário, mais extremos se tornam os pensamentos, as atitudes, e menos espaço há para o diálogo, para a ponderação e o bom-senso. A exemplo do que vimos nos Estados Unidos, o Brasil tem se tornado um país de extremos: político, religioso, ideológico... minha sensação é de que as pessoas se tornaram cegas e que nenhum dos lados percebe que isso só nos distancia das soluções necessárias a toda sociedade.
Aliás, o bem comum e a justiça social são as bases do conceito da social-democracia – ideologia política que defende uma economia mais igualitária e direitos sociais mais justos – que foi praticamente exterminada nas eleições deste ano. Veja o PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) e a tentativa de se construir uma terceira via capaz de quebrar a disputa Bolsonaro x Lula. Fracasso total!
Além de não unir as forças políticas necessárias para furar a polarização, o PSDB teve, talvez, o seu pior desempenho eleitoral não elegendo nenhum senador e sem que nenhum de seus candidatos a governador tenha vencido no primeiro turno, correndo risco, inclusive, do partido não governar nenhum dos 27 estados brasileiros. Não falta muito para se ver uma verdadeira revoada no ninho tucano, sobretudo após a saída de João Doria.
O enfraquecimento dos chamados partidos de centro só corrobora para o cenário de polarização política e acende o alerta para os efeitos negativos desse processo. Em pesquisa recente, o Pew Research Center mostrou que nos EUA as hostilidades entre republicanos e democratas estão se agravando, a partir da eleição de Donald Trump. Segundo os entrevistados, tanto republicanos como democratas, declararam que os eleitores do “outro partido” são cabeças-duras, desonestos, imorais, ignorantes e preguiçosos.
A conclusão e o futuro que nos espera está à vista: intolerância, preconceito, violência... mas os brasileiros, repito, estão cegos.