Pesquisa recente apontou que cerca de 94% dos eleitores não se identificam com nenhum partido político dos 35 registrados atualmente. De acordo com Christian Lohbauer, mestre e doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (USP), o problema não é o número de partidos mas o financiamento público que “incentiva oportunistas a criarem partidos que não têm relação com parcelas da sociedade”.
Diante do cenário, a rejeição que o eleitor manifestou nas urnas, nas eleições Suplementares do Amazonas em 2017, pode se repetir em 2018. Isso porque os grandes partidos e até os nanicos alimentam esperanças de eleger um de seus líderes para governar o Estado. Ou, se não aparecer nenhum “Salvador da Pátria”, aderir a coligações em torno de nomes que possam chegar ao poder. Por hora, prudência e caldo de galinha não fazem mal a ninguém. O melhor é observar a danças das legendas para não perder o cavalo que pode passar na porta.
O Blog do Mário Adolfo ouviu as principais lideranças dos partidos na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) e detectou que a maioria já dá como certo que lançará candidatos nas eleições ao Governo do estado em 2018, mas não arriscam falar em nomes, sob a alegação de que ainda é cedo.
Mesmo sabendo que o apoio ao governo de Michel Temer (PMDB) – o presidente com a maior rejeição da história dos governantes no mundo ( ) –, vai tirar votos dos partidos que participam dos banquetes no Palácio do Jaburu; mesmo sabendo que a Operação Lava Jato é o início de um processo de limpeza do ambiente político que não sabemos como vai terminar, os políticos do Amazonas não acreditam no desgaste, e muito menos na rejeição do eleitor, porque vislumbram o surgimento de nomes que resgatarão a credibilidade do cidadão na política.
Líder do governo na Aleam, o deputado Dermilson, Presidente estadual do PEN, garante que seu partido está estudando todos os caminhos para poder disputar as eleições em 2018. Seja para Governador do Estado, Senado, Câmara dos Deputados ou Assembleia Legislativa. Mas adverte que isso vai depender da construção que o partido vem realizando em torno de possíveis alianças.
— Hoje o PEN está tendo muitas adesões, uma procura muito grande de pessoas querendo se filiar, por conta da entrada do Bolsonaro (Jair, candidato a presidente) e desse novo alinhamento político que estamos presenciando no Brasil todo. Então, vamos ver os arcos de alianças. Vamos dialogar com vários partidos. Existe um sentimento que o PEN quer fazer uma grande movimentação no estado do Amazonas -, adiante o deputado.
Em relação a nomes para disputar o Governo do Estado, Dermilson responde que é cedo para citar um possível candidato. “Ainda não temos um nome para dizer que esse é nosso candidato. Mas, vamos trabalhar para definir a participação do PEN nas eleições de 2018”. A resposta soa meio for a do tom, em se tratando do líder do governo de Amazonino Mendes (PDT). Pelos acertos políticos nas eleições Suplementares, Amazonino ficaria no governo um ano para “arrumar a casa” e, em seguida, trabalhar o retorno de Omar Aziz (PSD) ao governo. Será?
Dermilson também não acredita que os resultados das eleições complementares de 2017, onde os votos brancos e nulos foram maiores que os segundo e terceiro colocado da eleição – mostrando claramente a rejeição do eleitor –, poderá se repetir em 2018.
— Essa leitura dos votos brancos e nulos vai mudar. Esses votos que não foram para as urnas nesta eleição, eram os da insatisfação, porque os eleitores não encontraram um candidato em que eles quisessem votar. Já para o ano de 2018, possivelmente com um candidato novo, isso poderá mudar -, vaticina o parlamentar.
Ano atípico
Na condição de líder do PROS, o deputado Belarmino Lins aposta nas questões internas que possam contribuir para a unidade de um agrupamento partidário. Isto é, desde que o assunto tenha sido tratado em nível da direção partidária, interna e externamente.
— Dessa forma, quem poderá falar em nome do Pros é o nosso presidente regional, Henrique Oliveira, ex-vice governador do Estado, me reservando o direito de não me manifestar com relação a essa questão sem que esta tenha sido tratada pela direção regional –, avisa Belão.
Sobre a avalanche de denúncias e escândalos políticos que mergulharam o Amazonas numa crise ética, moral e institucional, o deputado entende que 2017 foi um ano atípico do ponto de vista dos acontecimentos políticos em nível do Estado.
— Primeiro tivemos a cassação do TRE do mandato do governador José Melo (PROS) e do seu vice, Henrique Oliveira (SD ). Depois, esgotados os prazos recursais, o TSE ratificou a cassação dos dois mandatários, e, concomitantemente, determinou a realização de eleições suplementares. Ora, a partir daí foi desencadeada uma batalha jurídica. Ora o processo eleitoral era tratado como direto, ora como indireto. O fato é que, por determinação de tribunais superiores, prevaleceu o processo direto para a escolha de governador e vice. No meu entendimento, o eleitorado, perplexo com a polêmica do processo direto ou indireto, acabou se desinteressando pelo processo eleitoral.
Fechando o seu raciocínio, Belarmino diz que, no fim de tudo, o eleitorado amazonense, chamado às urnas para escolher o novo governador e seu vice, manifestou a sua confiança e a sua esperança no nome de Amazonino Armando Mendes para comandar o Estado até dezembro de 2018.
— Observe-se que Amazonino foi eleito para comandar o Estado pela quarta vez. Foi uma manifestação de confiança na experiência e na competência –, analisa Belão, rasgando seda pro lado do Negão.
Quem também aposta numa candidatura própria é o presidente da REDE, deputado estadual Luiz Castro, que também disputou a eleição suplementar ao governo do Estado. Ele garante que a REDE do Amazonas pretende lançar pelo menos uma candidatura majoritária, que pode ser ao governo e/ou ao senado. “Mas ainda não temos essa definição”.
— Espero que no primeiro turno das eleições do próximo ano a maioria desses eleitores que votaram nulo ou em branco – ou nem foram votar –, decidam expressar sua insatisfação de outra maneira, ou seja, mudando profundamente o Congresso Nacional e também renovando substancialmente as Assembleias Legislativas -, torce Castro.
Ao contrário dos outros partidos, o PR já confirmou que em relação a cargo majoritário, vai de Alfredo Nascimento em 2018. Mas não para o governo. Depois do desencanto com Marcelo Ramos nas duas últimas eleições, o líder do partido na Aleam, deputado Sabá Reis diz que “a única definição que temos para candidatura majoritária é de Alfredo Nascimento para o Senado da República”.
— Sobre a candidatura ao Governo o partido vai esperar os para saber com que nome iremos marchar para o governo.
Em relação ao desgaste de políticos e partidos, Reis alerta que, se não houver uma alternativa, ou seja, nomes diferentes desses que estão aí, a tendência é que essa manifestação do povo pode aumentar sendo bem maior o número desses votos brancos e nulos.
— Mas acredito que teremos um nome que possa absorver o sentimento da população que clama por mudança. Nome nós temos e haveremos de ter esse nome colocado à disposição da sociedade na hora certa –, enfatizou.
Abdala banca candidatura
Mesmo respondendo de forma monossilábica. O presidente do PODEMOS, deputado Abdala Fraxe, garante que o partido lançará candidatura própria.
— O seu partido pretende lançar candidato ao governo do Estado em 2018?
— Sim.
— Em caso de sim, já existe um nome que vem sendo trabalhado para a candidatura?
— Sim. Ainda estamos estudando as opções mais interessantes para mudar o destino do Amazonas.
— O senhor acredita que os resultados das eleições complementares de 2017, onde os votos brancos foram maiores que os segundo e terceiro colocado da eleição – mostrando claramente a rejeição do eleitor – , poderá se repetir em 2018?
— Não, novos nomes virão para a disputa, o que deve mudar esse cenário.
O líder do DEM na ALEAM, deputado Augusto Ferraz foi ainda mais econômico nas palavras. Sobre uma possível candidatura própria, ele responde que “não sei”. E sobe os riscos de rejeição que os políticos vão correr em 2018 se limitou a responder que “não acredito, porque o povo quer um novo nome. E esse, certamente, conquistará grande parte desses votos”.