Um relatório inédito produzido pela ONG Mercy For Animals evidencia a relação direta entre o desmatamento da Floresta Amazônica e a abertura de novas áreas de pastagem para a pecuária em municípios do Pará e Rondônia.
O relatório, que combina análise de dados e imagens de satélite de alta resolução, aponta que, dos 25 municípios com maior área desmatada na Amazônia Legal em 2019, 10 estão entre os 50 municípios com a maior população de bovinos do país. Juntos, esses 10 municípios foram responsáveis por quase 30% da área desmatada na região em 2019 — uma escala equivalente a uma vez e meia o tamanho da cidade de São Paulo — e por 22,5% das queimadas.
Apesar de representarem apenas 1,2% do total de 772 municípios da Amazônia Legal, esses 10 municípios abrigam 9,8% da população de bovinos existente no território e 12,5% das pastagens localizadas no bioma amazônico. Todos estão situados na zona de compra de matadouros pertencentes às três gigantes do setor frigorífico no Brasil — JBS, Minerva e Marfrig. Dos 66 matadouros com inspeção federal (SIF) em operação na Amazônia Legal em 2019, 38 (57,5%) pertenciam à JBS (26), Marfrig (8) e Minerva (4). Juntas, essas três empresas são responsáveis por aproximadamente 70% dos abates de bovinos criados na Amazônia.
JBS, Minerva e Marfrig
De 2015 a 2017, o Brasil exportou 1,3 milhões de toneladas de carne bovina proveniente da região amazônica. As três maiores empresas brasileiras do setor frigorífico, JBS, Minerva e Marfrig, foram responsáveis por 69,5% do total das exportações. Porto Velho e São Félix do Xingu desempenharam um papel proeminente nesses números.
No mesmo período, estiveram entre os cinco maiores fornecedores de carne para exportação da Amazônia e representaram 6,3% do total de exportações de carne bovina do bioma. Juntas, JBS, Minerva e Marfrig foram responsáveis por 49,8% das exportações de carne oriunda de Porto Velho e 74,5% das de São Félix do Xingu. Só a JBS exportou 47,8% da carne bovina proveniente de Porto Velho, enquanto a Marfrig ocupou o primeiro lugar nas exportações de São Félix do Xingu, enviando para fora do país 40% da carne produzida no município para o mercado internacional.