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Primeiras cenas de filme sobre Bolsonaro viram piada nas redes e rendem enxurrada de memes

Vídeo dos bastidores circula na internet e provoca deboche pela qualidade da reconstituição.

Cena do atentado de 2018 repercute mal e levanta dúvidas sobre o padrão da produção - Foto: Reprodução/ X

As primeiras imagens das gravações de Dark Horse, filme norte-americano sobre Jair Bolsonaro, caíram na internet neste fim de semana e, em vez de empolgar o público, viraram motivo de chacota. O vídeo que mostra o ator sendo carregado por uma multidão para reconstituir o atentado a faca de 2018 rapidamente se espalhou nas redes e rendeu uma avalanche de memes debochando da qualidade da encenação e da produção.

No X (antigo Twitter), o jornalista Guga Noblat resumiu o tom geral da reação ao compartilhar o vídeo: “Uau, até a RedeTV faria uma cena melhor. Nem ferrando que isso é padrão Hollywood”, escreveu, arrancando milhares de interações.

Nos comentários, usuários ironizaram a falta de verossimilhança da sequência — em que o “Bolsonaro” de camiseta amarela é levado nos braços por figurantes — com frases como “parece cena da Record/Mutantes”, “nem no filme ele sangrou” e “esqueceram do sangue também”. Outros reclamaram do enquadramento e da coreografia da multidão, comparando a reconstituição a uma encenação amadora de baixo orçamento. Em vídeos e posts no Instagram, influenciadores chegaram a dizer que as imagens geraram “memes e comentários hilários nas redes sociais”.

O que é Dark Horse

As cenas vazadas fazem parte de Dark Horse (O Azarão, em tradução livre), cinebiografia que pretende contar a campanha de 2018 e o atentado sofrido por Bolsonaro em Juiz de Fora (MG), seguindo uma narrativa de “jornada do herói”, segundo reportagens da imprensa.

O protagonista é o ator norte-americano Jim Caviezel, conhecido mundialmente por interpretar Jesus em A Paixão de Cristo (2004) e mais recentemente pelo longa Som da Liberdade. A direção é do também norte-americano Cyrus Nowrasteh, cineasta ligado a obras de forte viés religioso e político, como O Apedrejamento de Soraya M. e O Jovem Messias.

Reportagens apontam que o roteiro foi escrito pelo ex-secretário de Cultura e hoje deputado federal Mário Frias, a partir de um texto em que ele próprio exaltava Bolsonaro como “capitão do povo”. A produção é rodada em inglês, com previsão de estreia em 2026, e já teve cenas filmadas no Memorial da América Latina, em São Paulo, além de programar etapas de gravação nos Estados Unidos e no México.

Bastidores e controvérsias

Antes mesmo do vazamento das cenas, o filme já dividia opiniões. Veículos como Metrópoles e Gazeta do Povo destacam que a proposta de Dark Horse é retratar Bolsonaro sob um olhar épico, como protagonista de um drama heroico, o que agrada apoiadores e provoca críticas de opositores pela tentativa de “branqueamento” da trajetória do ex-presidente condenado.

Nos últimos dias, porém, o noticiário sobre a produção ficou ainda mais pesado: figurantes e técnicos brasileiros que trabalharam nas filmagens em São Paulo relataram agressões físicas, alimentação precária, atrasos de pagamento e condições de trabalho consideradas irregulares. As denúncias foram reunidas por veículos como Metrópoles, Diário do Centro do Mundo, Jetss e BNews, e motivaram manifestações de sindicatos do setor audiovisual.

Entre “padrão Hollywood” e “padrão meme”

Enquanto perfis aliados ao bolsonarismo vendem Dark Horse como uma “superprodução internacional” e comemoram o fato de um astro de Hollywood interpretar o ex-presidente, (Portal Leo Dias) o vazamento das primeiras cenas ajudou a consolidar outra imagem nas redes: a de um filme que, pelo menos nesse trecho, parece mais perto do pastiche do que do glamour hollywoodiano sugerido pelos apoiadores.

Por ora, não há trailer oficial nem imagens divulgadas pelos produtores — apenas vazamentos de bastidores, como o vídeo que virou meme neste fim de semana. Até lá, a cinebiografia de Jair Bolsonaro segue estreando primeiro no tribunal implacável da internet, onde o “padrão Hollywood” prometido virou, por enquanto, “padrão meme”.

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